SAÚDE - Uma das vantagens dessas moléculas, afirma o microbiologista, seria diminuir o risco de produzir bactérias resistentes ao tratamento.
Os micróbios que povoam naturalmente o intestino humano podem guardar segredo para uma nova geração de antibióticos, sugerem experimentos feitos por um cientista brasileiro no Canadá. Luis Caetano Antunes, que faz seu pós-doutorado na Universidade da Colúmbia Britânica, conseguiu demonstrar que certos micro-organismos da flora intestinal produzem substância que inibem a ação da bactéria Salmonela entérica. A Salmonela é bom lembrar, pode produzir uma desagradável diarreia ou, no pior cenário, desencadear a chamada febre tifoide, que muitas vezes é fatal. Antunes e seus colegas chegaram às moléculas capazes de deter o micróbio o complexo ecossistema em miniatura que existe no trato intestinal dos seres humanos , composto por milhares de espécies e trilhões de células microbianas.
Já havia várias pistas de que essa diversidade toda ajuda a modular, por exemplo, a absorção de nutrientes. E, como se trata de uma comunidade de micróbios adaptados ao corpo humano, faz sentido que produzam substâncias para barrar invasores, por exemplo. Foi o que o microbiologista brasileiro descobriu ao "tratar" uma cultura de Salmonela com um extrato obtido de fezes humanas. O preparo inibiu a atividade de genes que a bactéria emprega durante a invasão do organismo, por exemplo. Ficou claro que eram micróbios presentes nas fezes os responsáveis por esse feito, porque o extrato fecal de camundongos que tinham tomado antibióticos não desencadeava o mesmo efeito. Com a ajuda de uma série de técnicas, incluindo até o chamado "Robogut", um aparelho que simula o funcionamento de um intestino real, criado por pesquisadores da Universidade de Guelph, também no Canadá, foi possível demonstrar que os micro-organismos "do bem" eram do gênero Clostridium, já conhecidos dos cientistas.
Antunes e seus colegas conseguiram até identificar, em meio a uma "biblioteca" de moléculas já disponível comercialmente, substâncias provavelmente análogas às produzidas pelos micróbios. Uma das vantagens dessas moléculas, afirma o microbiologista, seria diminuir o risco de produzir bactérias resistentes ao tratamento. "Os antibióticos disponíveis hoje matam as bactérias suscetíveis e acabam selecionando as resistentes. Já um antibiótico seguindo a nossa lógica apenas inibiria a virulência da Salmonela", diz. A pesquisa foi apresentada durante o 58º Congresso Brasileiro de Genética.
Antunes e seus colegas conseguiram até identificar, em meio a uma "biblioteca" de moléculas já disponível comercialmente, substâncias provavelmente análogas às produzidas pelos micróbios. Uma das vantagens dessas moléculas, afirma o microbiologista, seria diminuir o risco de produzir bactérias resistentes ao tratamento. "Os antibióticos disponíveis hoje matam as bactérias suscetíveis e acabam selecionando as resistentes. Já um antibiótico seguindo a nossa lógica apenas inibiria a virulência da Salmonela", diz. A pesquisa foi apresentada durante o 58º Congresso Brasileiro de Genética.
UM MUNDO NA BARRIGA - Conheça a diversidade de micróbios intestinais
O intestino dos seres humanos: Abriga cerca de 100 TRI de células de micróbios (em torno de dez vezes o número total de células no corpo humano).
O que eles fazem?
- Combatem a causadora de doenças - A competição entre bactérias "do bem" e micróbios causadores de doenças provavelmente impede, em muitos casos, o surgimento de uma infecção perigosa via intestino.
- Absorção de alimentos - Alguns micro-organismos contribuem para digerir ir nutrientes que o corpo humano, sozinho, não absorveria. Suspeita-se que variações no conjunto de espécies de micróbios possam contribuir para a obesidade em certas pessoas.
Fonte: Alto Madeira
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