Quem tem filhos sabe o quanto é difícil administrar os pedidos de presentes. Questão que se complica ainda mais quando a adolescência chega, pois a lista de desejos de consumo passa a ter itens cada vez mais caro: smartphone, MP3, tablet, roupas de grifes famosas, tênis importados. E, de preferência, os modelos mais recentes. O principal entrave ao enfrentamento da questão dos desejos de consumo do jovem é a crise de autoridade que muitos pais estão sofrendo e que os impedem de contratar os filhos sejam eles crianças ou adolescentes.
LIMITES E VALORES
A primeira atitude que os pais devem tomar ao lidar com os desejos de consumo do adolescente é deixar claro quais são os limites que consideram adequados para o objeto almejado pelo filho, ou seja, quanto podem gastar com ele. É preciso ser sincero, e o adolescente deve ser parceiro na situação. Não deve ser excessivamente protegido dos problemas (financeiros) como também não deve ser responsabilizado por algo que não pode enfrentar", diz Maria da Graça
EXEMPLO
Para a psicóloga Luciana da PUC do Rio, a atitude do adolescente diante do consumo depende bastante do entorno social e cultural em sua passagem do universo familiar ao social. "Muitas vezes, eles são levados a crer que só serão reconhecidos e amados se possuírem determinados objetos". Segundo a especialista, ou que muitos jovens acabam experimentando é uma sensação de estar sempre em falta em relação ao que deveriam ser e ter, mesmo no minuto seguinte a compra. "Isso não é só um sentimento de adolescente, mas de todos nós que vivemos nessa cultura, embora possa acontecer com diferentes intensidades para cada um".
Segundo Michelle Bronstein, mestre em comunicação social pela PUC do Rio, toda ação de consumo é movida pelo desejo, seja para atender uma necessidade humana básica ou obter distinção dentro dos ambientes sociais. No caso do adolescente, como o desejo de pertencer a um determinado grupo é significativo, possuir determinados bens materiais pode dar a impressão de facilitar esse pertencimento. Para a especialista, como aquilo que se pode comprar acaba sendo mais fácil de possuir do que aquilo que se pode ser, a tendência é que as pessoas comprem cada mais para tentarem ser mais sexy, ousadas, interessantes e confiantes. Portanto, é comum que os pais também imersos nessa lógica competitiva alimentada pelo consumo, queiram suprir cada mínima vontade do filho adolescente, como maneira de suprir também as suas próprias.
"Acredito que tantos os pais quanto a escola possuam contribuir para construir com os adolescentes uma atitude mais crítica sobre determinadas imposições da cultura em que vivemos", declara Luciana, doutora em psicologia clínica. Diante desse quadro, a especialista diz que é preciso estar alerta para a frustração contínua gerada no jovem exposto a necessidade de ter para ser. "Esse processo leva a uma falta de referência estáveis com as quais ele possa contar na construção de seu eu e de seus projetos futuros".
Fonte: Diário da Amazônia
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