As Políticas de Ação Afirmativa e a Educação à Criança
A Discussão das Políticas Afirmativas no Brasil foi tema recente presente na mídia nacional com o resultado da Plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 26 de abril, que considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB). Por unanimidade, os ministros julgaram improcedente a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 186, ajuizada na Corte pelo Partido Democratas (DEM). No entanto, muito antes dessa decisão a pesquisadora Klondy Lúcia de Oliveira Agra, professora da UNIRON, vem pesquisando e debatendo resultados sobre as Políticas Afirmativas no Brasil e o porquê de seus entraves.
Sobre o tema Klondy Agra declara: A cultura do povo brasileiro, por trazer arraigada em si as características de um país colonizado, apresenta vários vieses. São esses vieses culturais que dão origem aos preconceitos de toda ordem, tornando mais difícil a aceitação de medidas que apontem à igualdade social e cultural. Exatamente por isso, a sociedade brasileira, herdeira desse processo de colonização, é marcada por assustadores níveis de exclusão. Em se tratando de Políticas Afirmativas, o Brasil está com décadas de atraso perante outros países e não serão apresentados resultados se não houver uma mudança cultural. Não basta ser constitucional, a aplicabilidade de ações afirmativas necessita da conscientização de toda a sociedade, não há como falar em políticas afirmativas sem falar no respeito à diversidade. Esses resultados urgem por uma educação voltada à empatia.
Sobre esse tema e toda a discussão que o envolve, a Professora Klondy terá artigo publicado no próximo número da revista do INEP - REVISTA BRASILEIRA DE ESTUDOS PEDAGÓGICOS – RBEP – intitulado A NEUTRALIZAÇÃO DAS DISCRIMINAÇÕES ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO À CRIANÇA. Nesse trabalho, Klondy discorre sobre as ações afirmativas implantadas no Brasil a partir dos anos 90 e discute os diversos olhares que as perpassam, com o objetivo de apontar, com auxílio das teorias culturais, caminhos à promoção da inclusão e da justiça que ultrapassem a teoria e conduzam à prática. Uma prática só possível, segundo Klondy Agra, através da educação à criança desde a primeira infância.
Klondy, que vem a alguns anos escrevendo sobre a importância da educação inclusiva e da formação do professor, com trabalhos publicados em periódicos nacionais e internacionais (Canadá, Portugal e Itália) já tem incluso em alguns programas de pós-graduação de grandes universidades trabalhos como A educação inclusiva na Amazônia brasileira: um caminho a ser percorrido e O instrumento essencial à educação intercultural: a formação de professores que respeitem a diversidade.
Klondy Agra ao ser entrevistada, declara ainda: No Brasil, pessoas de origem europeia ou de pele branca, se permitem ignorar a importância da cor da pele na perpetuação da discriminação racial, fenômeno também observado na “cegueira” das pessoas que se deslocam dos grandes centros para as regiões do interior do país. Pessoas que conduzem em si as características da supremacia do colonizador e demonstram o pior sentido da palavra “colo”: o que discrimina, subjuga e intimida. Um fato que só mudará com a educação da criança à empatia e ao respeito às diferenças, construindo desse modo um caminho para mudança da visão de oportunidades iguais. E ainda complementa: eu acredito que somente com a modificação dessa compreensão de que as oportunidades são iguais para todos (frequentemente válida para brancos e não necessariamente válida para pessoas de cor) é que as próximas gerações serão conduzidas a reconhecer a importância da visão das diferenças e a consequente valorização de se colocar em prática as várias ações afirmativas.
Fonte: UNIRON
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