sexta-feira, 11 de maio de 2012

HISTÓRIA - Nassau fez até boi voar para inaugurar ponte

Ainda há quem espalhe no Recife a história de que Maurício de Nassau teria feito um boi voar sobre o rio Capibaribe. Bem que poderia ser uma lenda, dada a fama quase mitológica do conde holandês que por sete anos administrou a cidade no século 17. Mas, apesar de inusitado, o caso é real.

Tudo porque Nassau fazia mesmo questão de ser extravagante, e não poupava recursos para isso. Aos 33 anos, chegou para administrar a colônia holandesa conquistada no Recife e logo mandou construir dois palácios, um jardim botânico, um zoológico e um observatório astro^nômico. Foi ele também quem, já prestes a deixar o cargo, mandou fazer a primeira ponte das Américas. Não é à toa que a construção, conhecida popularmente como ponto do Recife, leva o seu nome.

Acontece que a Companhia das Índias Ocidentais, grupo que cuidada da América holandesa, já estava insatisfeita com tanta gastança. Com a demora da obra da ponte, mandou um recado irônico a Nassau: "Como não recebemos há muito tempo notícia da ponte, fa-nos isto pensar que a mesma nunca será terminada".

Sem os recursos da coroa, o conde decidiu ele mesmo investir na engenharia da obra. Para a inauguração, em 28 de fevereiro de 1644, inventou um artimanha para recuperar parte do gasto: um pedágio. Só faltava criar um pretexto para as pessoas quererem atravessar a ponte. Foi então que anunciou que um boi voaria sobre as águas.

Não foi propaganda enganosa. Nassau tratou de criar uma engenhoca com instrumentos náuticos que levou um couro de boi inflado às alturas. "A gente rude ficou admirada, e muito mais a prudente, vendo que com aquela traça ajuntaria ali o Conde de Nassau tanta gente para fazer pasar pela ponte, e tirar aquela tarde grande ganância", narrou o frei Manuel Calado, um dos presentes. O religioso descreveu ainda a comemoração boêmia de Nassau: "No saeguinte dia, fez outro banquete às damas, e a quantas taverneiras havia no Recife, e as mais delas emborrachou, e com isto se deu por despedido de Pernambuco".
Fonte: Tempos de Brasil, de Hélio Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário