Um dia um homem que acreditava na
vida após a morte, e que valorizava o ser mais que o ter, hospedou-se na casa
de um materialista convicto, em bela mansão de uma cidade européia. Depois da
ceia, o anfitrião convidou o hóspede para visitar sua galeria de artes e
começou a enaltecer os bens materiais que possuía, de maneira soberba.
Falou que o homem vale pelo que possui, pelo
patrimônio que consegue acumular durante sua vida na terra. Exibiu escrituras
de propriedades as mais variadas, jóias,
títulos, valores diversos.
Depois de ouvir e observar tudo
calmamente, o hóspede falou da sua convicção de que os bens da Terra não nos
pertencem de fato, e que mais cedo ou mais tarde teremos que deixá-los.
Argumentou que os verdadeiros valores são as conquistas intelectuais e morais e
não as posses terrestres, sempre passageiras.
No entanto, o materialista falou
com arrogância que era o verdadeiro Don o de tudo aquilo e que não havia
ninguém no mundo capaz de provar que todos aqueles bens não lhe pertenciam.
Diante de tanta teimosia, o
hóspede propôs-lhe um acordo: -Já que é
assim, voltaremos a falar do assunto daqui a cinqüenta anos, está bem? - Ora, disse o dono da casa, daqui a cinqüenta
anos nós já estaremos mortos, pois ambos já temos mais de sessenta e cinco anos
de idade!
O hóspede respondeu
prontamente: - É por isso mesmo que
poderemos discutir o assunto com mais segurança, pois só então você entenderá
que tudo isso passou pelas suas mãos mas, na verdade, nada disse lhe pertence
de fato.
Chegará um dia em que você terá que deixar todas as posses materiais e parti,
levando consigo somente suas verdadeiras conquistas, que são as virtudes do
espírito imortal. E só então você poderá avaliar se é verdadeiramente rico ou não.
O homem materialista ficou
contemplando as obras de arte ostentadas nas paredes de sua galeria, e uma
sombra de dúvida pairou sobre seu olhar, antes tão seguro.
E uma voz silenciosa, íntima, lhe
perguntava: - Que diferença fará, daqui a cem anos, se você morou em uma mansão
ou nem casebre? – Se comprou roupas em lojas sofisticadas ou num bazar
beneficente? – Se bebeu em taças de cristal ou numa concha de barro? – Se pisou
em tapetes caros ou sobre o chão batido? – Se teve grande reserva financeira ou
viveu com um salário mínimo? – Que diferença isso fará daqui a cem anos?
Absolutamente nenhuma! No
entanto, o que você fizer do seu tempo na Terra, fará muita diferença em sua
vida, não só daqui a cem anos, mas por toda eternidade?
Fonte: Jornal Alto Madeira –
autor desconhecido
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