sábado, 14 de junho de 2014

MÚSICA - O que aconteceu com a nossa música?

Não quero que pareça que persigo a música brasileira atual, que minha crítica seja pesada demais, nem que sou uma saudosista dos anos 80. Mas, como educadora musical, não posso deixar de falar da mesmice que se tomou a nossa música.

Não estou aqui questionando a performance e nem a voz de fulano ou de sicrano. Falo de conteúdo, de coerência, de bom gosto e, acima de tudo, de decência. Hoje não se consegue mais sequer distinguir o gênero musical, pois um mesmo grupo ou cantor passa pela MPB, chega ao Sertanejo, se envereda pelo Pagode e arrisca, inclusive em um Funk. Parece que nossos músicos viraram verdadeiros coringas - jogam em todas as posições. O fato é que o Brasil, definitivamente, se rendeu à música efêmera, e isso piorou com as facilidades técnicas de hoje onde qualquer um pode gravar, reproduzir e divulgar.

Pelo menos, ao mesmo tempo em que a massa brasileira credita prêmios a essa música pobre - a qual não me representa - podemos ver artistas como Marisa Monte sendo vencedora do "Brazilian Internartional Press Awards" na categoria "Melhor Show do Brasil nos Estados Unidos". A boa música continua viva sim e produzindo, a despeito da mídia de massa dar-lhe atenção ou não. Existem materiais de muita qualidade, mas que infelizmente tem passado batido na mídia por conta desses barulhos que estão sendo lançados por ai.

Gente muito boa, que por conta da máquina de fazer dinheiro da indústria fonográfica, acaba ficando de fora, acaba esquecido, trazendo, com isso, maléficos para o que hoje chamamos de música. Infelizmente, não é de interesse da mídia vender coisas boas que levam um tempo para se desenvolver, mas sim músicas instantâneas que as pessoas aprendam o refrão com facilidade, falem de sexo, tenham duplo sentido e que deem muito dinheiro.

O problema é que as pessoas aceitam o que é oferecido sem questionar se é bom para elas, parece que perderam o senso crítico e a capacidade intelectual para escolherem algo mais elaborado. Ficam com a escolha do que é pior, mas de fácil entendimento. Em um país onde "mulheres frutas" cantam, dançam e as pessoas aplaudem, não tem lugar para um Caetano Veloso ou um Chico Buarque.  Música de velho? Não. Música Inteligente! É preciso que sejamos mais conscientes e criteriosos e possamos perceber com isso, a diferença entre  música e poluição sonora. É preciso que nos esforcemos para alcançar um pouco além daquilo que os meios mais imediato nos oferecem, e que enxerguemos com um pouco mais de profundidade a arte que realmente fica para a história. Senão, teremos que nos contentar eternamente com as monossilábicas que nos oferecem a reviria.

Fonte: Tatiane Cardoso / Jornal Travessia  - São Joaquim-SC


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