A LIÇÃO SILENCIOSA DOS TORCEDORES JAPONESES
Claro que a Copa do Mundo traz tantos ensinamentos, que se precisaria uma enciclopédia para resumi-los. Gente de dezenas de países, todo o tipo de visitante, culturas diferentes, alguns bebendo mais que possamos imaginar, outros querendo apenas alegria e festa; outros tantos buscando mostrar sua eterna paixão pelo futebol, tudo isso e cada um desses temas mereceria um capítulo à parte. Assim como os brasileiros, passionais ao extremo, que num dia odeiam a Copa e fazem coro aos protestos contra ela, mas em dias de jogos da Seleção, enchem o peito para berrar pela vitória do nosso time. Há uma amálgama sem fim de sentimentos, envolvendo esse torneio que desde 1930, ou seja, há 84 anos vem mexendo com os corações das torcidas de pelo menos uma centena de países. Nos primeiros dias da Copa que sediamos, afora os problemas normais em eventos desta grandeza e dos protestos, pequenas passeatas, os "doentes black bloks, se poderia enumerar uma série imensa de lições que estamos recebendo dos nossos visitantes. Mas nenhuma delas como a que nos deu um pequeno grupo de japoneses. Sem alarde, sem esquemas publicitários, esse grupo fez, no estádio o que faz na sua cidade, no seu país. Terminado o jogo no estádio de Recife, eles pegaram sacos azuis e foram recolhendo todo o lixo que havia sido deixado no local onde eles haviam estado torcendo.
Foi uma lição silenciosa, cheia de simbologias. Tudo feito depois que a torcida já havia deixado o estádio. Tudo feito naturalmente, porque é assim que essa gente foi educada e é assim que age. Pena que nós, brasileiros, pelo menos nesse quesito, ainda estejamos a tantos anos luz dos japoneses. Mas eles nos deram uma lição. E é com exemplos que se aprende.Se formos inteligente, aprenderemos ao menos um pouco, com eles. Quem sabe a moda pega?
DESUMANIZAÇÃO - A Polícia de Trânsito atua com rigor durante a Copa, tentando tirar das ruas os bêbados que teimam em dirigir, tanto em Porto Velho quanto no interior. Se houvesse punição real, pesadas indenizações às vítimas e prisão para esses celerados, certamente os números da violência nas ruas já teria diminuído muito mais. O que nenhum policial pode prever é outro tipo de violência descontrolada. Nesta semana, mais um jovem, de apenas 16 anos, foi assassinado na Capital por causa de uma briga de trânsito. A desumanização do trânsito não tem cura, infelizmente.
INDEFINIÇÕES - Uma semana depois de autorizadas as convenções partidárias, na verdade nenhum dos partidos importantes já realizou a sua. Todos vão deixar para a última hora, como o previsto. O PMDB, por exemplo, com o nome de Confúcio Moura à reeleição, só a fará dia 29, porque, na verdade, ainda não definiu questões importantes sobre, por exemplo, a possível aliança com o PT e quem será o vice na chapa do atual governador. O PSDB promove seu encontro estadual dia 27. Os dois serão no mesmo local: a casa de shows Talismã, na zona leste da Capital.
VALE TUDO - Mesmo com recomendações da Procuradoria Eleitoral do TRE, a campanha em busca de votos continua aberta e acelerada, em todos os recantos do Estado. Desde que o presidente do TSE, ministro Dias Tófoli, disse que só pode ser considerada campanha eleitoral aberta o pedido claro de voto, que os TREs de todo o país tentam conter os candidatos a candidatos. Eles só não estão distribuindo "santinhos", porque não tem seu número ainda. Mas, afora isso, já vale tudo! Em Rondônia, então, nem se fala!
PELO VOTO - Repetem-se, país afora, os ataque virulentos e absurdos contra a Presidente Dilma. Ofensas pessoais não param de ser ouvidas nos estádios da Copa, em várias Capitais. Uma pena mesmo. O protesto real e verdadeiro, democrático e aceitável, seria o das vaias e não das baixarias. É deprimente ver pessoas de bem, pais e mães de família, usando palavrões para ofender uma chefe de Estado, legitimamente eleita pela maioria dos brasileiros. Se não a querem, que a tirem pelo voto. Isso sim é democrático!
NA MARRA - Um erro não justifica o outro. Esperto, o ex presidente Lula está usando o episódio para praticamente declarar uma guerra eleitoral contra seus adversários. Usando expressões assustadoras, ameaças, falando em "guerra eleitoral", Lula está tentando transformar o episódio dos palavrões numa semente de violência verbal, ao menos. É um grande perigo. Ele, sua presidente e seu partido não estão mais com toda essa bola para ficar ameaçando rachar o país. Têm que vender seu peixe ao eleitorado e tentar ganhar no voto. Não na marra!
CARDÍACOS - Hoje tem mais um teste para cardíacos. Nossa Seleção enfrenta o México, que nos últimos anos tem sido uma pedra no nossa sapato. Mas temos mais time e vamos torcer por mais uma vitória. Enquanto isso, como se previa, a Copa do Mundo está sendo um grande sucesso dentro dos estádios e dentro dos gramados, ao menos até agora. Nosso problema é dos portões para fora. Daí sim, a coisa é complicada e nos deixa com grandes dívidas perante a opinião pública mundial.
PERGUNTINHA - Quem vai aos estádios para xingar com palavrões impublicáveis a sua própria Presidente da República, autoridade e mulher, quando chega em casa não fica envergonhado com o que ajudou a protagonizar?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires
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