quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

EU - Outras Poesias / Poemas Esquecidos

À MESA

Cedo à sofreguidão do estômago. É a hora
Augusto dos Anjos
De comer. Coisa hedionda! Corro. E agora,
Antegozando a ensanguentada prêsa,
Rodeado pelas môscas repugnantes,
Para comer meus próprios similhantes 
       Eis-me sentado à mesa!

Como porções de carne morta... Ai! Como
Os que, como eu, têm carne, com êsse assomo
Que a espécie humana em comer carne tem!...
Como! E pois que a Razão me reprime, 
Possa a terra vingar-se do meu crime
       Comendo-me também.

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