O desejo de permanecer perto da família e de cursar Medicina é o que motiva Ursula Costa, 19 anos. A estudante, que mora em Natal, esteve entre os 3.622 candidatos a 50 vagas no vestibular 2013 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Pela primeira vez, porém, não viu seu nome no listão. Com histórias não muito diferentes, milhares de estudantes têm de enfrentar a frustração da reprovação nos vestibulares do País. Na primeira fase da Fuvest, 172.037 candidatos concorreram a 11.157 vagas no vestibular de 2014 - 32.569 passaram para a segun da etapa. Na universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cujo vestibular começa neste domingo, 42.044 disputam 5.461 vagas. As poucas vagas tomam a reprovação uma possibilidade bastante real. No entanto, com disciplina, organização e autoconhecimento, é possível se preparar para novas oportunidades.
Rosana Yentas, psicanalista, psicóloga clínica e orientadora profissional, aconselha que a primeira atitude a ser tomada deva ser a reflexão. "É importante o aluno entender por que não conseguiu. Talvez não tenha se esforçado ao máximo, ou o curso era muito concorrido ou ainda a família pode ter pressionado demais. Cada caso é único", afirma.
Essa reflexão deve acontecer um momento de descanso pós-vestibular, de 15 a 20 dias, segundo Osvaldo Arthur Menezes Vieira, professor do curso pré-vestibular O Garrancho. Nesse período, ele destaca ainda a necessidade de aproximação com a família e amigos e de estar em lugares de que gosta. "O aluno não deve se esconder. Tem de usar o tempo para entender que virá uma nova fase, que há como se preparar. Pensar que tipo de estudo seu perfil exige", diz.
Ao reencontrar estudantes no cursinho depois da reprovação, Vieira costuma citar uma frase que atribui a Albert Einstein: "Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa, dia após dia, e esperar resultados diferentes". O cientista alemão, inclusive foi reprovado em um vestibular. Para o novo período de estudos, deve-se renovar até mesmo os materiais, para gerar motivação, aconselha Vieira.
Entre as ações fundamentais para a nova preparação, o professor aponta a organização de um plano de estudos e a regularidade na rotina, de acordo com as disciplinas mais relevantes para o curso e as que se tem dificuldade. Além disso, Vieira aconselha seus alunos a manterem as "práticas fortalecedoras" - como exercícios físicos e atividades sociais - e definirem uma maneira de estudar, seja por resumos, exercícios, aulas presenciais e virtuais ou leituras. "Mas sempre procurar retomar a matéria, registrar ao máximo o que aprendeu", frisa.
Quando é hora de mudar
O tempo de reflexão deve também servir para a definição do futuro. Muitos estudantes optam por prestar o exame novamente, frequentando cursos pré-vestibulares. Vieira alerta que a instituição precisa corresponder ao perfil do aluno - a escolha não pode ser baseada em convites de amigos ou namorados. Enquanto alguns podem render mais em cursinhos sociais, que valorizam a descontração para um aprendizado mais leve, outros alunos podem se sentir mais preparados em lugares focados em determinados cursos, como os específicos para candidatos a vagas de medicina, por exemplo.
Por outro lado, há pessoas que decidem cursar outras graduações ou tentar vagas em outras universidades. Foi o caso de Ursula que, após uma reprovação, decidiu mudar. A estudante curso hoje Odontologia na UFRN - conseguiu média para a graduação em seu segundo vestibular. Mas não desistiu de ingressar em Medicina e tentar conciliar as tarefas da faculdade com a preparação pra as provas. Dessa maneira, sentiu mais tranquilidade no último vestibular, cujo resultado ainda não foi o esperado, mesmo que mais próximo da aprovação. "Minha maturidade aumentou. Sei que há um tempo certo para a minha vitória", declara otimista.
Antes de tomar uma decisão como essa, Rosana recomenda novamente a reflexão: "É interessante se fazer uma pergunta: para quê? Para não perder um ano, talvez? O que significa estar em um curso para tentar outro? Para que, e não por quê. Isso força a pessoa a responder de um jeito mais elaborado, projetar o futuro". A orientadora afirma ainda que, em alguns casos, há necessidade de acompanhamento profissional. "A orientação deve ir além de um teste. O aluno tem de descobrir seus desejos, preferências, valores."
Fonte: Jornal O Estadão do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário