quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A dor de cada um

Todos somos diferentes. Cada pessoa traz consigo certa dose de mistério. É o jeito de ser de cada um. São peculiaridades que tomam cada ser humano um ser único, com reações próprias e com singularidades que vão do gosto ao desgosto, do sorrir ao chorar. Na verdade, ninguém é igual a outrem, nem na forma de lidar com o sentimento. Existe, portanto, a dor de cada um.

É certo que temos graus diferentes de sensibilidade. Nem sempre os que estão perto de nós entendem as razões e a intensidade de  nossa dor. São sentimentos muito íntimos, experiências muito pessoais. São verdades exclusivas da alma.

Assim, aquilo que, para alguns, pode significar humilhação e tristeza, pode ser interpretado por outros como uma banalidade, uma tolice passageira. Os fatos da vida ganham ou perdem sentido de acordo com a nossa sensibilidade. Por isso mesmo, ainda que haja uma massificação do sofrimento, como ocorre nas tragédias coletivas, existirá a cor de cada um.

Às vezes, numa mesma casa, sob o mesmo teto, um chora, e outro ri. Ou, numa mesma cama, sob o mesmo lençol, um dorme em paz, e o outro agoniza. Daí, conhecer alguém em profundidade é, acima de tudo, procurar escutar a voz do coração que, muitas vezes, é exteriorizada pela linguagem das lágrimas.

Os relacionamentos mais significativos, como o entre marido e mulher, entre pais e filhos, entre amigos ou entre namorados, deixam marcas profundas em nós e podem provocar sofrimento. Toda relação saudável exige um respeito para com a dor do outro. Esse respeito se dá quando não menosprezamos as lágrimas de alguém e procuramos entender as razões do seu pranto.

A dor de cada um é a maneira como cada um expressa suas frustrações , amarguras, perplexidades , tristezas, seus desencantos e lamentos. É uma forma bem humana de rejeitar as as desumanidades. É uma maneira corajosa e verdadeira de cada um revelar sua interioridade, de assumir sua condição humana.

Todavia, a dor pode ser uma espécie de combustível para a vida. As grandes perdas, os lutos, as crises agudas, as enfermidades, o fim de um relacionamento, as ingratidões, enfim, as experiências dolorosas da vida acabam provocando vontade de viver, desejo de superação. É a dor como semente de vida e esperança. Alguns sonhos são gerados nas entranhas da dor. É o aprendizado silenciosos de quem valoriza suas lágrimas.

Por ser o Pai de todos. Deus está sempre presente na dor de cada um!  É exatamente na experiência da dor que o Senhor se revela o Amigo fiel, o Socorro bem presente na angústia, como disse o salmista (51 46.1), o Bálsamo por excelência e o Refrigério constante, trazendo o consolo, fortaleza e esperança.
Fonte: Artigo de  Estevam Fernandes - Jornal Alto Madeira

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