Por mais experiência que tenhamos, devemos sempre ter cuidados...
O texto abaixo foi escrito pelo Renato Lopes do Rio Grande do Sul, motociclista com larga experiência em viagens, já percorreu por toda a América (do Ushuaia ao Alaska), entre outras viagens noutros países, já fez Iron Butt e pilota motos há algumas décadas. Recentemente, em 2013, sofreu um acidente de moto numa viagem solo pela América do Sul, devido a animais na estrada.
Estamos no período de férias de verão e é quando muitos moto turistas brasileiros se aventuram pelas rutas do Mercosul para conhecer ou rever a Cordilheira dos Andes, a Patagônia Argentina ou Lagos Chilenos.
Invariavelmente nas minhas viagens e aventuras tenho enfrentado alguns sustos com animais na estrada. E esse perigo potencial para nós motoaventureiros ocorre com muita frequência quando estamos viajando, em especial, pelas estradas argentinas e chilenas. Animais sobre a pista de rolamento nesses países é inevitável. As vezes parados, as vezes atravessando a pista e as vezes surgindo repentinamente da vegetação tomam contam do acostamento de determinadas carreteras.
Procuro pilotar sempre alerta e com minha atenção ligando meus radares para encontrar o perigo a distância, pois isso me permite prever as possibilidades e tomar uma decisão a tempo de executá-la com rapidez. Essas medidas de atenção ao pilotar já me livrou de muitos acidentes com animais na pista.
Sobre situações de risco com animais na pista vale lembrar o que aprendi com um amigo da região da campanha há alguns anos.
Quando se trata de animais, tipo bovino ou ovino, esses não recuam de sua trajetória inicial e o máximo que pode ocorrer é parar na pista. Nesse caso, na maioria das vezes, o recomendado é diminuir a velocidade e ultrapassar por trás dos animais.
Diferentes são os equinos, que podem ter reações inesperadas, como sair em disparada, recuar e parar. Nesta situação, além de diminuir a velocidade, deve se avaliar e decidir sobre ultrapassar pela frente ou por trás do animal. Se for ultrapassar pela frente, a melhor técnica é acelerar. À noite, o perigo ainda se torna maior, pois os faróis podem ofuscar a vista desse animal tornando seu comportamento imprevisível.
O jumento e o burro têm características mais previsíveis, são lentos e geralmente ou permanecem estáticos ou se movimentam para frente, o que nos permite passar por trás com certa segurança, contudo vale lembrar que diminuir a velocidade é regra número um.
Relembrando as várias incursões que fiz pelas rutas dos países andinos, posso acrescentar a alpaca e lhama, como animais que apresentam certa semelhança de características de comportamento ao jumento e o burro. Diferentemente da vicunha e do guanaco selvagem, que tem suas características quando se encontram sobre a pista, bem próxima as dos equinos.
Já com os cães ou animais de pequeno porte tem que se ter muito cuidado, pois suas reações são imprevisíveis. Se for necessário frear ou desviar bruscamente, deve se levar em conta o tráfego, para não provocar um acidente com eventual veículo que esteja transitando atrás.
Pode parecer brincadeira de gaúcho, mas já tive a oportunidade de observar esse comportamento em várias situações. É certo que animais junto à estrada, com seus movimentos e reações, indiferentemente de seu tamanho, significam perigo. E muito perigo para o motociclista.
Essas observações podem facilitar no momento de decidir em frear ou acelerar, entre passar por trás ou pela frente do animal.
Mas situações inusitadas e inacreditáveis podem acontecer para piorar esses riscos de acidentes com animais pelas estradas. No último mês de maio quando estava percorrendo a Ruta 40 na Argentina de Cabo Virgens a La Quiaca, em viagem solo, depois de passar muitas dificuldades com frio, neve e rípio, encontrei exatamente no meio de uma curva de média velocidade, quando fazia o contorno na cidade de Mendoza descendo das Termas de Villavicencio, Ruta 52, para acessar a Ruta 40 em direção ao aeroporto, a pista ¨tomada por cachorros¨.
A estrada estava deserta, viagem tranquila, havia baixado uma marcha para entrar com o motor cheio na curva, mas quando me deparei com aquela situação inimaginável, com a moto inclinada fazendo a curva, só me restou a sorte de acertar um ¨perro¨ de médio porte. Resultado da negligência da pseudo cuidadora ou criadora de cachorros de Mendoza, foi a fratura em três partes de uma clavícula, duas costelas e o adiamento da conclusão de minha aventura sobre duas rodas.
Sigamos viajando, sempre com muita atenção, pois apenas um pequeno animal na pista, em uma curva, pode interromper sua viagem ou aventura sobre duas rodas.
Boas rutas!
Renato Lopes
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