sábado, 15 de setembro de 2012

Brasil aprova primeiro remédio para endometriose

SAÚDE - Segundo os médicos, a principal vantagem do novo medicamento (Allurene) é o uso prolongado e por via ora.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou a venda no país do primeiro específico para tratar a dor da endometriose, doença que afeta o endométrio (membrana interna do útero) e atinge 6 milhões de brasileiras.  Segundo os médicos, a principal vantagem do novo medicamento (Allurene) é o uso prolongado e por via oral. Antes, o único tratamento aprovado para a doença eram drogas que interrompem o funcionamento dos ovários, causado uma menopausa temporária (análogos ao GNRH). São administradas por injeção ou aerossol  nasal.

O problema é que elas não podem ser usadas por mais de seis meses porque tiram o cálcio dos ossos, levando à perda óssea (osteoporose). Outra opção (off label, ou seja, usada sem indicação oficial pra esse fim) é o DIU Mirena, que bloqueia a menstruação e inibe o crescimento do endométrio. Mas muitas mulheres não se sentem confortáveis com ele.

Para o ginecologista da Unicamp Carlos Alberto Petta, o Allurene não é droga definitiva para tratar endometriose, mas é a única novidade nos últimos anos. Estudos clínicos demonstraram que o remédio alivia, principalmente, as dores menstruais e as que surgem durante a relação sexual. Petta afirma, porém, que ainda não foram estudadas os efeitos do  remédio em grupos específicos de mulheres com endometriose, como aquelas em que a doença já se instalou no intestino ou na parde externa dos ovários (endometrioma).

AÇÃO DO REMÉDIO
O remédio é um repositor hormonal que inibe a produção do estrógeno no endométrio - o estrógeno é que alimenta a doença. Segundo o ginecologista Maurício Simões Abrão, professor da USP, o medicamento pode causar alteração do sangramento menstrual. Outros efeitos colaterais são dores de cabeça, desconforto nos seios e depressão. O preço da droga, em torno de R$170 (para cada caixa com 28 comprimidos de 2 mg), é um outro fator limitante para mulheres com poder aquisitivo menor. 

Petta e Abrão também alertam que ainda não há cura para a doença e que o tratamento deve ser adaptado para cada paciente. "Não existe uma única abordagem ideal", diz Petta. Estudos demonstram que quase metade das mulheres com endometriose pode sofrer de infertilidade. O diagnóstico costuma ser tardio. A mulher leva, em média, sete anos entre o início dos sintomas e a detecção e tratamento da doença.

DEMORA
Entre as mais jovens (abaixo dos 20 anos), o tempo é de ainda maior: 12 anos. "A demora do diagnóstico está claramente associada ao avanço da doença", diz Abrão. Falta de informação e acesso aos serviços de saúde são os principais motivos. Segundo Abrão, o Ministério da Saúde estuda montar um programa com capacitação de médicos do  SUS para um diagnóstico mais rápido e eficaz da doença. Hoje, o tratamento está disponível, principalmente, em centros médicos ligados às universidades públicas.

ENTENDA A ENDOMETRIOSE - Problema pode causar de cólica intensa a infertilidade

O que é:  endométrio, tecido que reveste o útero (e descama, formando a menstruação), passa a crescer em outras áreas, como ovários, trompas, intestino, cavidade abdominal etc.
O que a causa: Tendência familiar e genética, fatores imunológicos, qualidade de vida ruim, produção excessiva de hormônios.
Sintomas: Dores intensas, alterações urinárias ou intestinais durante o período menstrual, dor durante a relação sexual, dificuldade para engravidar, cólicas incapacitantes.
Tratamento: Até agora, a doença era tratada com drogas que interrompem o funcionamento dos ovários, causando menopausa temporária, por via injetável ou por aerossol nasal; outra opção é o DIU hormonal, que bloqueia a ovulação e a menstruação, inibindo o crescimento do endométrio.
Nova Droga: primeiro remédio específico para tratar a dor do endometriose, o Allurene é um repositor hormonal à base de dienogeste, um tipo de progesterona. A droga, de uso oral e contínuo, inibe a produção de estrógeno no endométrio e não interrompe a menstruação.
Fonte: Jornal Alto Madeira

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