sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 9, 28-36

“Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias, que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém. Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia. 
Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!... Ele não sabia o que dizia. Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor. Então da nuvem saiu uma voz: Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o! E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.”

A narração da Transfiguração é a confirmação de que Jesus é verdadeiramente Deus. É um encorajamento aos discípulos a segui-Lo, a não se deixar desanimar perante as dificuldades do discipulado. De fato, o anúncio do Reino de Deus como Jesus pregava não era aceito pelas autoridades judaicas daquele tempo. Por isso, Lucas nos descreve a conscientização de Jesus em enfrentar a cruz. Ele não desiste dela, porque é aí que se revela o verdadeiro Messias: o servo sofredor. Perante uma situação dramática como essa, ele decide ir à montanha para rezar. E, assim, nos mostra que, na oração, se revigora para ser fiel na sua missão.

Quando começa a rezar no alto monte, ele começa a se transformar. Seu rosto muda de aspecto e as vestes se tornam resplandecentes. Os discípulos presentes, vendo isso, acreditaram nesse Messias glorioso, como eles imaginaram. Porém, com o fim da transfiguração, revela-se que essa glória passa pela cruz. Isto foi muito difícil de ser aceito pelos discípulos. Este Jesus que vai para a cruz é, de fato, o Senhor glorioso, e não devemos desconfiar. Quer dizer, pra nós, que não devemos cair na tentação de acreditar em um Deus diferente de Jesus; de um Deus que carrega a cruz e que morre na cruz. O
triunfo, a gloriosidade do nosso Deus, passa pela cruz, para alcançar a Ressurreição.

Infelizmente, como naquele tempo dos discípulos, também nós temos dificuldade em acreditar, compreender como a cruz esconde a glória. Talvez porque temos uma educação, desde criança, na qual o que vale ou prevalece na vida é aquele que sempre vence ou se torna o melhor que os outros. Essa mentalidade vitoriosa entra em conflito com a de Jesus. Portanto, a Transfiguração, a contemplação da glória do Filho, é uma etapa de fortalecimento na fé em Jesus. Confiar cegamente naquilo que, para nós, parece uma derrota, no entanto, para Deus é o contrário: a vitória. Em uma caminhada de fé, os perigos de desconfiar fazem parte do percurso da existência cristã.

Continuando a Transfiguração, na mesma glória de Jesus aparecem Moisés e Elias, representantes do Antigo Testamento. Isto ocorre para confirmar que Jesus é o verdadeiro Messias glorioso prometido pela Lei e os profetas e esperado pelo povo. Os discípulos, ao despertarem do sono, viram a glória de Jesus com os dois homens. Qual foi a reação de Pedro? Ele não teve consciência daquilo que estava acontecendo, conforme a sua fala, da glória em que aparecia Jesus. Logo em seguida aparece uma nuvem que desce do céu, ou seja, um símbolo da presença de Deus, e eles tiveram medo. A experiência direta de Deus sempre confunde a cabeça do ser humano, o deixa atemorizado. Uma voz sai da nuvem confirmando que Jesus é o Filho de Deus.

A voz de Deus Pai é categórica em dizer que deve ser ouvido. Assim confirmava a fé dos cristãos em Jesus como Filho de Deus. Assim sendo, precisamos dar o máximo da nossa atenção para entender o seu ensino. Somente assim, podemos reconhecer a verdade. Requer, em última análise, que a nossa inteligência tenha que ser conjugada com a coragem, porque não é suficiente compreender o ensino, mas devemos coloca-lo em prática.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e educador.


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