quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Coluna do Heródoto - PANORAMA CONHECIDO

 A situação econômica do Brasil vive ao sabor do mercado internacional. Em nenhum momento os responsáveis pelo equilíbrio econômico conseguiram implantar uma política de longo prazo, com uma visão estratégica e independente . O Estado se limita a arrecadar para pagar as contas, ou seja da mão para a boca. Produzir de dia para comer à noite. Há um obstáculo estrutural  intransponível uma vez que os políticos próximos ao poder o podem gerenciar o orçamento, e distribuir verbas. Sobrevivem graça a essa prática, por isso, para eles é uma questão de vida ou morte. Conseqüentemente  o contingente de funcionários públicos não para de crescer. Eles participam da administração direta e dependem do Estado para sobreviver. Não é uma questão ideológica de apoiar o governo, mas a manutenção do emprego e da sobrevivência financeira. São, em geral, indicados pelos políticos com quem mantém relações de fidelidade eleitoral  ou parentesco de toda ordem. Ainda que alguns sejam letrados não há avaliação da função, da competência e avaliar o resultado final do trabalho, nem pensar. Garantem a sua sobrevivência por meio de empregos no aparelho do Estado.  

A conjuntura internacional favorece o Brasil. Os formuladores da política monetária e fiscal não tem autonomia para estabelecer os parâmetros de gastos do poder público. Contudo com as guerras no mundo  os preços das commodities sobem e a alta dos preços provocam um benefício ao agro negócio nacional  e aos cofres do governo. É o período das vacas gordas, o momento que o governo poderia ter feito as chamadas reformas estruturais e colocar o país nos quadros do capitalismo vigente. Não como  um parceiro eventual, periférico, dependente, mas uma força atuante.   Parece até que neste momento nasceu o complexo de vira lata. Por que se preocupar se os mercados estão garantidos, pelo menos enquanto durar as disputas internacionais? Melhor era dormir sempre  à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais.....

O crescimento da pecuária e a exportação de derivados deu outro impulso á economia nacional. Contudo a indústria nacional não consegue concorrer com os produtos importados. Falta uma política de incentivo industrial para competir com os produtos importados mais baratos e de melhor tecnologia. Na verdade o Brasil exporta empregos para os países industriais ao invés de promovê-los internamente. Mas essa política também faz parte do panorama político de manter o governo com bom índice de popularidade. Contudo isso agravou o déficit da balança comercial que só pode ser revertido com uma forte desvalorização do câmbio, ou melhor, não por mérito, mas por interesse político. As lojas estão cheias de mercadorias importadas ainda que parte da população passe fome e viva subnutrida. Não há política industrial reclama a burguesia . Termina o período das vacas gordas e chegam as magras. O mercado mundial se estabiliza, novos concorrentes aparecem e os preços das commodities desabam. Como manter a corte, os funcionários que servem ao Estado e as forças armadas? Cortar gastos nem pensar. Os déficits fiscais constantes obrigam o governo a buscar cada vez mais empréstimos no mercado internacional, em um momento de escassez de moeda em circulação para trocas comerciais. O quadro se agrava, a crise financeira agora é permanente. O Brasil fica dependente do capitalismo internacional, mas isto não preocupa o imperador Pedro I, e seu grupo encastelado no poder.  

Fonte: Heródoto Barbeiro -  Record News / São Paulo-SP

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