Há uma coincidência entre o mundo de mudanças observadas no Século 21 e a sabedoria da humanidade acumulada ao longo de anos e anos de história. É um equívoco julgar que dadas as novas condições de grande competitividade da sociedade atual não há espaço para agir com serenidade e ética. Aparentemente a briga para se enriquecer, usufruir do máximo que os sentidos podem captar, alcançar os pontos mais altos de uma atividade, os salários mais polpudos da profissão, os lucros mais estonteantes pode ser feita em um campo onde a regra é o que pode mais chora menos, ou o salve-se quem puder. Não é isso que apontam os sábios atuais com suas reflexões que pularam do pergaminho para a luminura, para o papel e finalmente para os bits e bytes. Assim a busca da excelência em qualquer campo pressupõe que a principal qualidade é ser uma boa pessoa. Para isso é preciso entender que sabedoria e valor, juntos, são responsáveis pela grandeza duradoura, que a natureza sempre nos dá alguma qualidade, mas cabe a nós melhorá-la e que a qualidade é mais importante que a quantidade. Enfim, o homem prudente aprende a ser paciente, a esperar para que a névoa se afaste e não turve sua visão nem material, nem espiritual. Não é possível em nenhum aglomerado social, empresa, escola, igreja, conviver com aqueles que nos rodeiam e nos mostram ódio ou não. É preciso aprender a conviver com todos.
Um dos passos para a realização pessoal é escolher um trabalho que se ajuste a sua vocação. Tudo fica nublado quando se vai trabalhar com as pernas pesadas e os pés se arrastam no chão. A escolha está equivocada. É preciso mudar ainda que isso represente riscos. E representa. Mas todos tem o direito de buscar a felicidade, mas precisam ter coragem. Renovar-se a cada dia é mais do que uma frase de efeito. É um desafio. A luta pela ascensão social não tem durabilidade se é preciso escalar nas costas dos outros, ou desqualificando os pretendentes. O líder de forma alguma esconde as faltas alheias, nem execra quem as cometeu. Toma isso como uma lição a ser aprendida por todos e o tropeço foi uma oportunidade para a equipe crescer e se fortalecer. É importante que não se deixar nada pela metade, isto deteriora o relacionamento e se torna um daqueles esqueletos guardados no armário e que ameaçam sair a qualquer momento e assombrar a todos. É preciso conhecer sempre o caráter e as características com quem se convive, negocia ou trabalha. Não seja afoito e julgue os demais por você mesmo. O risco é duplo de se atribuir a ele todas as nossas qualidades ou maldades. E ele pode não ser nem uma coisa, nem outra. Assim, é necessário perseguir sempre a calma e a serenidade, para não se perder a razão.
O ambiente de trabalho é o reino dos equilibrados e o inferno dos néscios. Estes fazem muita graça, não poupam suas piadas e não primam pela discrição. Anunciam seus acertos com a mesma humildade que uma galinha anuncia que tem um ovo no galinheiro. Exibe sempre os seus acertos, nem tanto os seus erros. Presumem-se importantes, a última torrada do pacote ou a última Coca Cola do deserto. Parte do tempo dispersa com exibições de admiração por si mesmo e a sua boca não se contém em auto elogios. Ele sabe tudo, opina sobre tudo, é o dono da verdade e por isso é ridiculamente chamado pelos colegas de o orientador. Na prática a equipe não sabe exatamente qual é a sua contribuição para o sucesso dela. Insiste em ser chocante e excêntrico como forma de sair do lugar comum. Não se importa que um erro pode pesar mais do que cem acertos, afinal as regras que servem para todos não servem para ele. Por isso o passado tem mais importância que o presente uma vez que pode contar repetidamente como conseguiu, com uma só mão, matar o Dragão da Maldade. Tem uma platéia de tolos que acreditam em suas histórias, os espertos fingem acreditar. O auge da imprudência é faltar o respeito com o seu grupo e especialmente brigar consigo mesmo quando está só, diz Gracian.
Fonte: Heródoto Barbeiro - Record News
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