quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PLÁSTICA NA CORREÇÃO DO INCONVENIENTE

O contrário do que normalmente se pensa as "orelhas de abano" não costumam ser grandes. Elas têm um ângulo aumentado em relação à cabeça e são mais planas pela ausência de uma dobra natural na cartilagem, o que as projeta para além da harmonia facial.

Quem tem orelhas desse tipo geralmente é alvo de piadas que começam na infância - porque está má formação ocorre durante a gestação. "Esse problema costuma atingir uma parcela significativa da população. Para se ter ideia, dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica revelam que, no Brasil, 73% das plásticas realizadas são para fins estetéticos, enquanto que os outros 27% correspondem a cirurgias reconstrutoras. Desse percentual, 5% dos procedimentos são feitos para correção de orelha de abano, o que deixa a cirurgia na oitava posição entre todas as feitas no país. Essa característica costuma ser herdadas dos pais, mas não coloca a audição em risco. É uma questão puramente estética", revela a cirurgiã plástica Drª Maria Carolina Coutinho (CRM-SP 113491). Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Queimaduras/Regional São paulo e integrante do corpo clínico dos Hospitais Hcor, Santa Catarina, São Luiz e Pérola By-ington.

As "orelhas de abano" são um problema principalmente estético, mas podem gerar alterações psicológicas, tendo em vista as brincadeiras de mau gosto que as pessoas enfrentam no dia-a-dia. Essa alteração congênita pode ser corrigida por meio de uma cirurgia plástica, denominada Otoplastia, que corrige não só anomalia do crescimento da orelha, mas também pode corrigir deformidades adquiridas por trauma ou doença.

INDICAÇÃO
Como as orelhas atingirem seu tamanho quase pleno dos cinco aos sete anos de idade, é nesta fase que a Otoplastia pode ser realizada, diminuindo assim as chances da criança ser alvo de bullying entre seus amigos. "Quem já está na fase adulta e sofre com esta proeminência nas orelhas também pode passar pela cirurgia plástica para correção. Mas também há casos de reconstrução total ou parcial das orelhas, por conta de algum trauma ou doença, onde é necessária a colocação de enxertos de cartilagem", explica a cirurgiã plástica.

TÉCNICA
Com o constante avanço da medicina, várias técnicas para alinhas as orelhas foram desenvolvidas pela cirurgia plástica. "A principal técnica utilizada são os Pontos de Mustardé, que moldam a cartilagem criando suas curvas características. Geralmente a correção da orelha de abano é uma associação de muitas técnicas, que dependerá da avaliação médica em cada caso. A incisão é sempre retroauricular, deixando uma cicatria bastante discreta e imperceptível, com até quatro centímetros em pacientes adultos", comenta a Drª Maria Carolina Coutinho.

RESULTADOS
Os resultados são bastante satisfatório e podem ser notados a partir do terceiro dia após a retirada dos curativos, apesar do inchaço e muitas vezes equimoses (roxos). "Porém, os efeitos definitivos desta intervenção podem ser observados três meses depois da cirurgia, quando a cicatriz fica no nível original da pele, tornando-se praticamente imperceptível", avalia a cirurgiã plástica.

TRAUMAS EXTERNOS
Os brincos alargadores ou percings são acessórios que adornam as orelhas e completam o visual de qualquer estilo. Porém, algumas pessoas pagam o preço pelo uso prolongado e inadequado destes itens que são capazes não apenas de rasgar a orelha mas também de fazer com que ela abra em duas partes, além de gerar lesões estruturais. Nestes casos é necessária a reconstrução da área afetada.

"Dentro da Otoplastia, a técnica utilizada na reconstrução do lóbulo da orelha é bastante simples e consiste em realizar nova incisão nas bordas da cicatriz (reavivamento das bordas) e ligá-las novamente, com alguns refinamentos para marca resultante do procedimento não ficar retratação - que é a redução no tamanho do corte que, neste caso, pode deixar o lóbulo menos arrendondado, prejudicando o resultado final. O novo furo não deve ser feito sobre a nova cicatriz, pois ela é mais frágil que a pele integra e pode rasgar novamente com o uso de um brinco pesado", adverte a  Drª Maria Carolina Coutinho.

Em situações que ocorre infecção na cartilagem (condricte) após a colocação de um piercing, pode acontecer perda de parte dela com deformidade, necessitando de reconstrução parcial da região lesionada, com a utilização do enxerto de material do próprio paciente.
Fonte: Jornal Diário da Amazônia

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