segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

SAÚDE - Quando a depressão chega, a produtividade vai embora

CONSEQUÊNCIA. Cerca de 11% dos pacientes que estão desempregados atribuem sua demissão à doença

"O trabalho enobrece o homem", afirmou o sociólogo Max Webber, ressaltando que ao exercer sua profissão o ser humano atinge a satisfação material e pessoal.  Entretanto, associar trabalho ao prazer só é possível quando se está realizado em todos os âmbitos da vida. Perda de interesse pelo trabalho, falta de concentração, dificuldade em cumprir prazos e demandas, insônia, alteração de peso e outros sintomas podem indicar o início da depressão e, em casos mais graves da doença, a ruína da vida profissional.

"As doenças neuropsiquiátricas são hoje a primeira causa de incapacidade no mundo ao longo da vida e a depressão representa quase 50% dessas enfermidades", explica Kalil Duailibi, professor do departamento de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e ex-coordenador de saúde mental da Secretaria de Saúde do Município de São Paulo (SP). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 340 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo mundo. No Brasil, cerca de 13 milhões de pessoas são atingidas pela doença (OMS).

"O profissional com depressão poderá ter atrasos recorrentes, dificuldades em reter informações e de memória, dificuldade na execução de tarefas simples e, até mesmo, sentir-se incapacitado para executar sua função. Isso o tornará ainda mais deprimido e dará início a um círculo vicioso, que pode levar á demissão", explica Duailibi.

A queda no rendimento, a exigência dos chefes e superiores em relação a esse profissional pode aumentar, uma vez que a capacidade do indivíduo em desenvolver sua função ficará afetada. "De acordo com uma pesquisa dos Estados Unidos, cerca de 44% da capacidade produtiva do indivíduo fica comprometido quando ele apresenta um quadro depressivo, ressalta Duailibi.

PRODUÇÃO
Enquanto um paciente com diabetes falta seis dias ao ano no trabalho devido à doença; uma pessoa com problemas cardio-vasculares se ausenta oito dias e quem tem asma falta dez dias, quem sofre de depressão apresenta um prejuízo muito maior, perdendo cerca de 35 dias de trabalho por ano. O paciente que apresenta um quadro depressivo considerado grave tem sua capacidade social e produtiva comprometida em 90%; em casos moderados, 40%, já em casos da doença em que há apenas sintomas leves, 20% de sua capacidade está afetada.

O diagnóstico precoce da doença é fundamental, pois muitos indivíduos só se dão conta que perderam seus empregos em decorrência da depressão durante o tratamento terapêutico - 11% dos pacientes atribuem o desemprego à depressão.

O especialista orienta que se busque ajuda de um profissional especializado, como um médico ou funcionário do departamento de recursos humanos. "Durante o tratamento, é importante que o colaborador se resguarde de comentários que o afetem emocionalmente ou mesmo julgamento de colegas. É o momento de se fortalecer, recuperar a autoestima e recarregar as energias para se restabelecer profissionalmente", afirma Duailibi. Em alguns casos, a licença médica indicada pelo profissional que acompanha o paciente de ser uma alternativa para que o tratamento seja efetivo e o retorno ao trabalho satisfatório.
Fonte: Diário da Amazônia

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