segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O QUE FAZ MORRER UMA HISTÓRIA DE AMOR?

Será possível reconhecer e acompanhar o roteiro da agonia e morte de um vínculo amoroso? Existem sinais e sintomas que permitem diagnosticar a doença fatal do desamor?

PRIMEIRO SINAL:   a mesmice (manifestação direta da perda da curiosidade)
Depois de algum tempo de relacionamento os parceiros passam a acreditar que cada um conhece o outro a fundo, que é sempre capaz de adivinhar o que o parceiro sente e pensa. Daí em diante, a comunicação praticamente se interrompe: as frases não chegam a ser pronunciadas até o final, as respostas chegam antes que as perguntas tomem forma. Não há espaço sequer para corrigir os desvios de interpretação, não cabe mais a pergunta salvadora ("O que você quer dizer com isso"). Se um dos dois se atrever a desmentir a interpretação do outro ("Não era absolutamente isso que eu queria dizer"), em vez de ouvir um pedido de esclarecimentos, será bombardeado com um : "Sei muito bem o que você queria dizer, eu te conheço direitinho, você não me tapeia!".

A partir daí, o casal está condenado a viver sobe o império do silêncio, no qual secavam abismos de desentendimentos e incompreensões, pois cada um dos parceiros passa a manter um diálogo interior com suas fantasias sobre as idéias e os sentimentos do outro - cada vez mais distanciadas do que o realmente pensa e sente. 

SEGUNDO SINAL: o tédio (filhote da mesmice)
Com a perda da comunicação há  pouca possibilidade de descobrir novas facetas do companheiro que, por sua vez, desiste de se expor, depois de ser reiteradamente mal compreendido. Num retorno à perda de identidade dos primeiros tempos, agora há um congelamento do outro em facetas supostamente conhecidas, um desinteresse por propostas que poderiam arejar conexões antigas ou despertar novos aspectos da personalidade de cada um para formar conexões novas. A relação perde o brilho, os parceiros se descuidam, de si mesmo e do outro.

TERCEIRO SINAL: sensação de incompetência
Assim como no início do relacionamento cada um valoriza as peculiaridades do outro e tem prazer em sinalizar seu agrado, uma convivência longa tem o dom de inverter esse processo: as gracinhas viram defeitos, cada um parece sentir prazer em criar situações que ressaltam as dificuldades do outro. Apontar falhas torna-se um divertimento permanente, sobretudo na presença de terceiros.

A partir dai, o olhar desdenhoso que cada  um pousa no outro desvela e reforça a incompetência, nega-lhe qualquer valor, congela a distância e decreta a morte da relação.

O Homem de hoje
As constantes conquistas femininas foram desencadeando alterações sociais muito amplas, que atingiram não só o homem, mas a formação das famílias e toda a sociedade. A possibilidade de ser independente financeiramente jogou a mulher nos estudos e a lançou para o trabalho, a fim de se sustentar e sustentar a prole. Ao longo dessa jornada, o homem foi constatando que aquela mulher com características femininas, com habilidades amorosas, relacionais, culinárias, decorativas, criativas e serviçais foi sendo substituída por uma mulher "moderna", com características mentais, habilidades financeiras, desenvolvimento intelectual e físico. Com o passar dos anos e das décadas, o homem observou que essa mulher foi conquistando e avançando em um espaço que antigamente pertencia somente a ele. E como ele agiu?

O homem das antigas, que era provedor, homem com H maiúsculo, macho ficou perdidinho. Ficou sem saber para onde ir. Por que será que isso aconteceu? Por que as mães se tornaram mais masculinas e fragilizaram seus filhos? Por que as mulheres fragilizaram seus homens com sua "machisse" total? O fato é que o homem assistiu pela janelinha as mudanças das mulheres  e não soube qual banco ocupar depois que a poeira abaixou. O homem ficou perdido com a reforma social e enfrentou uma crise existencial. Muitos afrouxaram, outros se fragilizavam, muitos saíram do armário e se assumiram gays. Alguns homens tiveram outro comportamento e entraram em competição com a mulher. Outros verificaram a mudança feminina sexual e se serviram de novas possibilidades sexuais mais livres. Mas alguns, já a uns passos à frente, além de admirarem a transformação feminina, cooperaram com essa mulher dos dias de hoje e estão felizes e cooperativos. De qualquer maneira, o homem precisou mudar. É um grande número de novos tipos de homens, diferentes daqueles de antigamente, surgiram nos novos tempos.
Fonte: Carla Cecarello - Psicóloga e sexóloga - Diário da Amazônia


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