segunda-feira, 26 de maio de 2014

Escolas que não ensinam

Pesquisa realizada pela Apeoesp, o sindicado dos professores da rede estadual de educação, mostra que os estudantes paulistas sabem por experiência própria o que os exames de avaliação do ensino nos já vem indicando ano após ano: 46% dos alunos, admitem que passaram de ano sem ter aprendido o conteúdo necessário.

O levantamento foi feito a partir de 700 entrevistas com estudantes, 700 com pais de alunos e 700 com professores. Para confirmar a conclusão, o Diário submeteu seis alunos do nono ano a questões básicas de matemáticas e português para aferir seu conhecimento e o resultado foi catastrófico. Nenhum deles conseguiu calcular quanto são 5% de R$ 2 mil nem escrever corretamente a frase "A consciência negra é exceção em nosso país".

A grande maioria dos entrevistados dos três grupos analisados pelo estudo da Apoesp atribui o fracasso ao ensino público paulista à adoção da progressão continuada, largamente conhecida como aprovação automática. Para eles, isso leva os estudantes a não se esforçarem o suficiente e também tira a autoridade dos professores.

A progressão continuada na forma adotada no Estado de São Paulo é um exemplo acabado de como é possível destruir uma grande ideia pela incompetência e descompromisso ao executá-la. Adotada em países desenvolvidos há muitas décadas, a aprovação automática depende de um sistema de ensino de qualidade, o que não temos por aqui.  Se a educação é boa, os professores bem treinados a remunerados e as escolas atrativas para crianças e adolescentes, certamente a maioria dos alunos absorverá o conteúdo.

Em São Paulo, o governo repele o termo e insiste no eufemismo "progressão continuada", sob argumento de que os alunos que tenham déficit de aprendizado passarão por ciclos de reforço nos anos seguintes. Ocorre que isso nunca foi posto em prática como alardeado pelas autoridades.

O que vemos hoje são sucessivas gerações de brasileiros chegando à vida adulta despreparados para as mais básicas tarefas. Assim, estão alijados da disputa por postos de trabalho que exijam qualificação, enquanto o Pais se vê condenado a conviver com a carência de mão de obra e, consequentemente, com a eterna baixa produtividade.
Fonte: Editorial - Jornal Diário da Região / São José do Rio Preto-SP

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