quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ENTRAVE POLÍTICO - Burocracia do Senado trava apuração, diz Polícia Federal

O longo caminho percorrido por um simples pedido de informação da Polícia Federal ao Senado é capaz de revelar uma das faces da burocracia brasileira.

Delegados da Polícia Federal reclamam que o Senado tem se recusado a fornecer qualquer tipo de informação solicitada diretamente pela autoridade policial, o que dificulta as investigações.  O Senado explica que, em decorrência da equivalência de nível hierárquico", o pedido precisa ser feito ao presidente da Casa por meio do ministro da Justiça, uma vez que a PF está ligada à pasta.

Assim, se um delegado precisa de informações, como dados pessoais de servidores e senadores, é preciso desencadear uma sequência de solicitações que vão passar por diferentes mãos e podem demorar até muitos meses para serem atendidas.

O pedido deve ser feito ao chefe direto do policial ou ao superintendente regional que, por sua vez, repassa ao diretor-geral da PF para ser encaminhada ao ministro da Justiça, responsável por formalizar o pedido ao presidente do Senado, que dá encaminhamento à demanda.

De um lado, policiais criticam o Senado por atrasar e aumentar a chance de vazamento das investigações. Do outro, o comando do Senado acredita que comunicações entre autoridades dos Poderes servem para evitar investigações paralelas.

PARECER - A Consultoria-Geral da União já expediu um parecer sobre o assunto em setembro de 2012. O órgão, ligado a AGU (Advocacia-Geral da União), entende que a PF pode solicitar os dados ao Senado, sem necessidade de análise prévia do ministro da Justiça.

O advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, afirma que a Casa não está subordinada às diretrizes da A|GU, um órgão do governo federal. Para o presidente da ADPF (Associação Nacional dos Delegados da PF), Marcos Leôncio Ribeiro, a tese de que representantes de Poderes devem falar entri si não deve valer para seara investigativa.

Segundo ele, a associação tenta um encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para discutir essa norma interna. Delegados ouvidos pela PF dizem que, na gestão de Renan, os pedidos de informação feitos diretamente e a ele têm sido rejeitados.

"Isso não é da administração do Renan. É desde 2005", mrebate Cascais. Mas era Renan quem comandava o Senado em 2005, quando foi criada a norma. Não há restrições para pedidos feitos por meio do Judiciário.
Fonte: Agência Folha

Nenhum comentário:

Postar um comentário