terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A primeira vez a gente nunca esquece! Pelo ponto de vista feminino.

Texto pela motociclista Alice Castro sobre a primeira viagem de moto...
Se você ainda não a fez, tenho certeza e convicção que é seu sonho! A primeira viagem de moto é como o primeiro beijo... a gente não curte quase nada, mas nunca esquece!!! Nossa! Que excitação, que ansiedade! Coração disparado, nem dormimos direito. Acordamos de hora em hora, viramos na cama e repassamos, ponto a ponto, toda a checagem da moto, óleo, alforge... 


A dúvida se separamos a roupa certa para a viagem, o capacete (fechado), balaclava e as luvas (não podemos esquecer as luvas)! E vamos mentalizando, ainda à cama, a saída da garagem, as ruas da cidade que ficarão para trás e ah.... a estrada! Enfim! Finalmente, você está nela! 
Saiu bem cedinho para não pegar o trânsito ruim; são quantas horas? 6 da manhã? Você já está na rodovia, feliz, feliz, não se cabendo de tão sorridente! Mas preocupada: lá vem a primeira carreta e seu cheiro delicioso do freio... tchi tchi tchiiiiii... que eu adoro! Amo o perfume da estrada, dos caminhões, do asfalto sendo refeito! Eu me sinto em casa... ;) Bom, mas estamos ainda atrás da carreta. Será que dá para cortar? Se for pista dupla, dá sim, mas se isso foi há uns 20, 25 anos, sinto muito; as principais rodovias BR eram mão dupla, com pistas simples, sem acostamento e o mato subindo às alturas. Nas montanhas Gerais das maravilhosas Minas, você fica marronzinha em dois tempos. Só precisava de 2 caminhões carregados de minério!
Mas isso não tem importância; a estrada esta ali e é toda sua! Quando viajamos de carro, olhamos a paisagem pela janela; na moto, fazemos parte dela! Integração total!!! E sua moto está brilhando... nem que seja de chuva; você está plena... nem que seja de barro! 
Ah, como é indescritível ser dona do nosso nariz e poder passar por um Posto Policial e dar um tchauzinho para os homens, hein?! Com todo respeito, lógico, você pode até mostrar a língua (dentro do capacete fechado) que eles vão sorrir de volta! Estradas sinuosas exigem sua concentração e só agora você vê que a gasolina vai acabar. Putz grila. Vamos procurar um posto. Você desce esplendorosamente amassada, cabelo grudado (um bololô só), com aquela super hiper mega sexy capa de chuva! Pretinho basicamente horroroso, você nem aí, continua andando como se estivesse em um Channel... e tudo bem! 
Como você irá descobrir, ali não vai ter ninguém, mas ninguém mais bonita ou arrumada que você! E se for do ônibus? Ai, Jesus! Até Variant, Fusca ou Kombi estacionadas vão ter, e você vai ver que todas as passageiras estão lindas e amassadas também! Você põe a gasolina; paga; estaciona a moto e vamos ao, voilà, pãozim de queijo com café! Delícia!!! 
Devidamente abastecida, nossa heroína está animadíssima! Arruma a bagagem (de novo) para ela não cair (o secador, lógico, você não esqueceu!). Eis que, merecidamente, o sol, maravilhoso sol veio brilhar e iluminar seu caminho! Há estradas em Minas que são qualquer coisa de bom! Você conhece? Não? Ah... não pode dizer que é feliz quem não foi pras Minas Gerais! Pegue para Tiradentes! Que tudo! As curvas não são as de Santos, mas são de Deus! Depois de algum apuro, sim, você chega ao seu destino; tudo dói, até o cabelo (prender as madeixas no capacete não é confortável, de nenhum jeito). 
Pronto. Agora você já tem sua história, que vai contar (e florear à vontade) até para suas netinhas, para quando ficar velhinha velhinha (se é que isso acontece hoje em dia). As próximas viagens você guardará na lembrança os bons momentos... ou, talvez, os que não foram tão bons. Mas a primeira vez, ah, essa a gente nunca esquece!
Fonte: Texto escrito pela motociclista Alice Castro, publicado originalmente no Blog - mulheres-motociclistas.blogspot.com.br - rockriders

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