terça-feira, 7 de agosto de 2012

Propósito de Vida & Liberdade

É justo dizer que se você não sabe qual seu propósito na vida, você não vai passar muito tempo trabalhando nele. Então, o que você vai acabar fazendo com o seu tempo?

Três coisas: trabalhar nas suas necessidades; trabalhar nas necessidades de outras pessoas; trabalhar no propósito de outras pessoas. Se você não sabe qual o seu propósito, o limite de trabalho que você fará sozinho vai se ater ao nível da necessidade, o que, na melhor das hipóteses, tem potencial de se tornar uma cobiça. Passar sua vida trabalhando dessa forma não é exatamente satisfatório… Tente você mesmo por algumas décadas se você não acredita em mim e veja a figura desmotivada que olha de volta para você quando você se olha no espelho.

Quando você trabalha com/para outras pessoas, você provavelmente dedica muito esforço para satisfazer as necessidades e as cobiças de outras pessoas: seu chefe, seus clientes, os investidores de sua empresa, etc. Mesmo em seu tempo livre, você estará trabalhando para satisfazer os desejos dos publicitários, que querem que você assista à TV e compre coisas. Mais uma vez, nada exatamente satisfatório, apesar de você ter algumas pitadas de benefício, como a “honra” de trabalhar em alguns projetos interessantes. Esse estilo de vida vai acabar fazendo você querer se levantar e gritar: “Qual é mesmo o propósito disso tudo?”. Mas se você realmente fizer isso, tudo que você vai receber em troca são olhares confusos. Não há propósito.

Agora, se você tiver muita sorte, talvez você tenha a chance de trabalhar para alguém ou para uma empresa que tem como foco atingir um propósito consciente. Contudo, se você não conhece seu próprio propósito, você não tem como escolher conscientemente trabalhar para alguém cujo propósito bata com o seu a não ser por acaso ou por acidente – e as chances são pequenas. Ou seja, há uma boa chance de você estar trabalhando duro para atingir um objetivo com o qual você não concorda. Por exemplo, se você entra para o exército, pode ser que você seja utilizado na obtenção de um propósito grande, mas o que será exatamente? Geralmente nessas situações, você vai receber a função de buscar um objetivo que não é o que você escolheria conscientemente para si mesmo. Será que passar sua vida dessa maneira é satisfatório? Provavelmente não, mas ao menos é um caminho decente para pessoas que não gostam de pensar muito – outros vão se encarregar de pensar por você (e se beneficiar muito com suas atitudes impensadas).

Então, se você não sabe qual o seu propósito na vida, que tipo de vida você vai acabar vivendo? Vou resumir para você em uma palavra: propriedade. Sua vida é propriedade de outras pessoas – suas necessidades, seus objetivos, seus propósitos. Por que? Porque se você não sabe seu próprio propósito, outros vão colocar você para trabalhar pelos propósitos deles. Publicitários gastam milhões todos os anos para fazer você tomar algumas atitudes pequenas. A empresa para a qual você trabalha ou os clientes que você serve – você também é propriedade deles. E como você pode negar? Você não tem outra opção melhor, tem? É melhor arranjar um emprego, comprar umas coisas, deixar alguns clientes felizes no caminho e morrer em silêncio. É isso que os outros planejaram para você. Parece que é isso que todas as outras pessoas estão fazendo. É melhor pular no mesmo barco… Parece bem seguro.

É esse o plano que você quer seguir?

Hum… Você ainda está lendo, é? OK, bem-vindo à sociedade secreta da vida com propósito. Shhhhh…

Se você por acaso é uma pessoa que tem consciência do seu propósito na vida, então você já sabe o que está faltando no cenário acima – liberdade. Quando você não escolhe seu próprio propósito, os outros vão entregar um propósito a você. Você abre mão de sua liberdade. É claro que você ainda mantém a ilusão de liberdade. Você tem poder de decisão sobre todas as pequenas atitudes do dia a dia. Mas você perdeu a liberdade maior – a habilidade de escolher a resposta para a pergunta “qual o significado da minha vida?”. Se você deixa outra pessoa responder essa pergunta por você, então você se tornou propriedade de alguém. E pode ser que não seja apenas uma pessoa que está dando essa resposta por você. Provavelmente é uma série de fontes diferentes: publicitários, chefes, colegas de trabalho, família, religião, pressão social, etc. Cada uma delas contribui com uma pequena parcela da sua resposta. Mas, uma vez que há diversos contribuintes, a resposta final é confusa e complicada. Então você acaba vivendo uma vida confusa e complicada, desenhada por outros biógrafos, muitos dos quais você sequer conhece.

Por outro lado, quando você conhece o seu propósito e o vive conscientemente todos os dias, você é livre. Você não pertence a ninguém. Seja tendo seu negócio próprio ou trabalhando para alguém, você pode sempre se enxergar como um autônomo. Você guia sua própria vida e mesmo que outras pessoas detenham uma autoridade formal sobre você em algumas situações, você se foca no que pode controlar e não choraminga por aquilo que não pode e, assim, sua influência chega ao ponto em que você se torna um líder, não importa sua função formal. Sua liderança vem do conhecimento do seu propósito. Enquanto todas as circunstâncias podem mudar, seu compasso interior é constante. Você pode estar imerso em um mar de caos externo e, mesmo assim, sempre seguir um caminho em frente, o que permite que você sinta uma certeza quando ninguém mais sente. Não importa sua profissão. Quando você livre com propósito, você se torna um líder. Quando você não vive com propósito, você se torna propriedade.

Quando você escolhe a carreira que quer seguir, você escolhe conscientemente algo que bata com o seu propósito. Todos os dias, as suas ações respondem a pergunta “qual o sentido da minha vida?”. Você vai continuar sendo bombardeado pelas mensagens dos que querem ter você como propriedade de qualquer maneira, mas essas influências vão se tornar um mero barulho de fundo, incapaz de balançá-lo. Não importa o que acontece lá fora, sempre serão ondas quebrando no mar no durante um temporal enquanto você se encontra a cem metros abaixo superfície, onde a água é calma. Ao saber seu propósito, você começa a viver em um nível mais profundo em que as coisas da superfície, como as políticas corporativas de uma empresa, não o derrubam. Seu propósito provê estabilidade inabalável e segurança a você.

Se você não vive com um propósito, então você sequer sabe como definir objetivos. Mesmo quando você acha que está sendo proativo, de onde estão vindo seus objetivos? No fim das contas, eles vêm de seu condicionamento passado, o que significa que estão vindo de outras pessoas. Você define o objetivo de comprar uma casa ou um carro novo, mas se esses objetivos não partiram de seu propósito consciente, então ele é, na verdade, um objetivo que o banco e o vendedor de carros traçaram para você, e ambos vão gastar um monte de dinheiro para fazer com que você adote o objetivo deles. Mesmo que você decida progredir em sua carreira e ganhar mais dinheiro, há muitos que almejam esse mesmo objetivo, especialmente porque isso vai permitir que você gaste mais dinheiro e produza mais para eles. Então, de quem são os objetivos pelos quais você está trabalhando duro? Você certamente pensa que você quer essas coisas. Você foi ensinado a pensar que as quer pelos seus proprietários.

Para parar de trabalhar pelos objetivos dos outros, você tem que saber qual o seu próprio propósito. E isso significa esvaziar sua cabeça dos pensamentos de todos os seus proprietários e condicioná-la a mergulhar uns 100 metros abaixo do nível do mar, onde seus pensamentos são claros e calmos, onde você pode mais uma vez se lembrar de quem você realmente é. Nesse nível, todas as baboseiras externas se esvaem e você pode ouvir sua própria voz com clareza. Você precisa espremer seu cérebro como uma esponja para eliminar todas aquelas vozes dos seus proprietários. São as vozes deles quem fazem você se sentir mais fraco e mais amedrontado. Você vai se lembrar do seu papel e vai recuperar aquela paixão que o leva até ele.

Depois disso, a parte difícil é ouvir sua essa voz interior e confiar nela. É tão fácil confiar nas vozes de nossos proprietários porque elas parecem ser certas e porque há muitas delas. Sua voz interior é muito mais silenciosa, mas se você conseguir se deixar levar por ela, ao invés do mundo externo, você vai acabar descobrindo seu propósito e sua vida vai se tornar imensamente satisfatória. Você finalmente será livre.
Fonte: Steve Pavlina - Um dos “blogueiros” mais famosos do mundo, Steve abandonou uma carreira promissora como criador de softwares e jogos para se dedicar a um site de desenvolvimento pessoal na web, compartilhando com o mundo seus insights e idéias sobre os mais diversos temas ligados ao crescimento pessoal. Conheça o site original de Steve Pavlina em: http://www.stevepavlina.com - www.vivendointensamente.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário