domingo, 26 de agosto de 2012

Opinião de Primeira

OS NOVOS TEMPOS SEM O TALENTO DE NELSO RODRIGUES
O Brasil lembrou, com toda a justiça, o centenário de um personagem da história recente, que conheceu como ninguém a alma do nosso povo. Não foi governante, nem general, nem poderoso. Sua arma era uma velha máquina de escrever, onde criou algumas das mais incríveis histórias que alguém já produziu. Nelson Rodrigues talvez tenha sido o último dos talentos que fazia da escrita sua maior preciosidade. A partir dele, ninguém mais conseguiu um lugar no nosso cotidiano, até porque a leitura é, infelizmente, um dos excelentes hábitos que os jovens destes tempos modernos não querem saber. Nelson Rodrigues certamente viraria no túmulo se soubesse o que está acontecendo com a literatura brasileira, com os grandes jornalistas. Entraria em pânico se fosse informado que a maioria dos cinemas do país aboliu os filmes com legendas, simplesmente porque o público que os assiste não consegue ler com a rapidez necessária.

Jornalista, escritor de textos inesquecíveis e autor de peças que mudaram a história da dramaturgia, Nelson representa ainda hoje, com todo o seu talento, com a grandeza de uma vida repleta de sucessos, um período rico da nossa história. Os escândalos que seus textos produziam, desnudaram muito do que todo mundo fazia questão de esconder. E mudaram a sociedade brasileira. Hoje, substituídos pelas redes sociais, os escritores têm cada vez menos espaço na vida da maioria da população do nosso país. Nelson Rodrigues iria adorar escrever sobre esses fenômenos e os analfabetos funcionais que as escolas despejam no mercado de trabalho. Viria com suas frases inesquecíveis e seus personagens complexos para dizer ao país que já tivemos grandes escritores, que precisamos ler mais, que sem isso não aprendemos a escrever ou falar corretamente nossa língua. Nelson Rodrigues faz muita falta.

MESMO FILME
Pouca criatividade, poucas novidades, muita mesmice. O horário eleitoral gratuito, que começou nesta semana, traz para as emissoras de rádio e TV a catilinária de sempre. Muitas promessas, soluções para todos os problemas, uma nova vida para todos os cidadãos, seja qual for o vencedor. Por enquanto houve mais a apresentação dos nomes do que qualquer outra coisa. Vamos ver a partir de agora, se os nove candidatos da Capital começam a falar claramente sobre planos de governo e, mais importante que tudo, de onde tirarão recursos para realizar tudo o que estão prometendo.

DICAS DO ELEITOR
Pesquisa do Ibope em Porto Velho aponta os maiores problemas da cidade. O portovelhense está dando pistas aos candidatos. Lá vai: maior problema, saúde pública deficiente, para 54% dos entrevistados. Portanto, quem tiver planos concretos e realizáveis (não os mirabolantes), para o setor, já estará falando a linguagem do povão. Mais postos de saúde, mais UPAs, um pronto socorro municipal, mais agentes de saúde. É por aí. A dica está sendo dada pelo próprio eleitor.

OUTROS PROBLEMAS
Os outros, pela ordem: 34% acham que o maior problema é a falta de calçamento de ruas e calçadas.A educação ficou em terceiro, com 32%. O caos no trânsito foi é o grande drama, para 30%. Segurança pública ruim ficou com 25%; falta de rede de esgoto, 24%; limpeza pública problemática para 19% e o deficiente transporte coletivo também teve 19% de votos, segundo o Ibope. Uma pesquisa sempre está sujeita a erros, mas no geral, ela deu o resultado do que tem se ouvido nas ruas.

OUTRO SAPO
Está na hora de desenterrar o sapo (parodiando o ex-secretário Abelardo Castro), também no Arraial Flor do Maracujá. Neste ano, tudo o que poderia ter acontecido de ruim aconteceu. Sem local definido, a maior festa tradicional do Estado, conhecida no Brasil e no mundo, foi transferida de junho para agosto. Começaria nesta sexta passada, no Parque dos Tanques, mas não deu certo outra vez. Agora, ficou para a próxima sexta, dia 31. Tomara que dessa vez nada mais dê errado. E o sapo enterrado seja jogado bem longe...

PARADO
A semana começa com o mesmo número de greves dos servidores federais. Milhares de funcionários públicos continuam parados, com graves prejuízos ao país e à população. Em ano eleitoral, principalmente, os sindicatos também fazem questão de colocar gasolina na fogueira e, muitos deles, não têm qualquer interesse de que as greves terminem. Na Universidade Federal de Rondônia (Unir), por exemplo, o ano letivo está praticamente perdido. Os professores não aceitaram nenhuma proposta e continuam parados. Pobre Brasil!

LUZ NO FIM DO TÚNEL
Já pensou se a moda pega? Podemos até acabar nos tornando um país sério. Finalmente um corrupto, que desviou milhões de reais dos cofres públicos, terá que devolver quase 470 milhões de reais que afanou na famigerada obra do TRT de São Paulo. Junto com o juiz Lalau dos Santos Neto, também condenado e que hoje cumpre prisão domiciliar, o senador cassado Luiz Estevão fez um acordo com a Advocacia Geral da União. Vai devolver parte da grana. O resto está perdido. Mas já é um passo importante. Notícias assim dão até um pouco de esperança de que nem tudo está perdido.

PERGUNTINHA
Quando os corruptos de Rondônia, envolvidos em rolos e desvios de dinheiro público, começarão a devolver ao Estado o que são suspeitos de terem afanado?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires

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