sábado, 19 de novembro de 2011

O MORCÊGO

Meia noite. Ao meu quarto me recolho.
Meu Deus! E êste morcêgo! E, agora, vêde:
Na bruta ardência orgânica da sêde,
Morde-me  a goela ígneo e escaldante môlho.

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----Digo, Ergo-me a tremer.  Fecho o ferrôlho
E o olho o tecto.  E vejo-o ainda, igual a um ôlho,
Circularmente soôbre a minha rêde!

Pego de um pau.  Esforços faço. Chego
Ao tocá-lo. Minh'alma se concentra.
Que ventre produziu tão feio parto?!

A Consciência Humana é êste morcêgo!
Por mais que a gente faça, à noite, êle entra
Imperceptívelmente em nosso quarto!

                    Augusto dos Anjos

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