quinta-feira, 23 de junho de 2016

Coluna do Heródoto - Mau Exemplo

 A chegada ao poder pela campanha eleitoral nem sempre quer dizer a consolidação da democracia. Há exemplo histórico que mostra que há métodos de vale tudo e que justificam a ausência de qualquer princípio ético, desde que o resultado seja obtido. Um deles é o chamado princípio de simplificação e do inimigo único, isto é bater sempre em uma idéia única, um slogan, um chavão, um canto chão e individualizar o adversário em um único inimigo. O passo seguinte é o contágio, ou seja, reunir todos os adversários em uma só categoria, como todos são ladrões, ou em um único indivíduo, uma só uma  cara para ficar mais fácil desconstruí-la. Ajuda muito o sucesso eleitoral atribuir ao adversário os próprios erros. É o método da transposição, ou seja responder a um ataque com outro, ou inventar notícias que distraiam o público das más notícias que não podem ser negadas. Atribuir ao oponente o uso de campanha sórdida e amplificar até o exagero, e a desfiguração de qualquer afirmação dele, mesmo que seja uma piada boba, em uma ameaça grave e que mostre o caráter do oponente.

 A publicidade eleitoral tem que ser voltada para a base da pirâmide social, centrada  nas pessoas com menor padrão cultural. É  o necessário principio da vulgarização. Vem acompanhada de um reducionismo anti ético e eivado de mentiras. Poucas idéias, as melhores que um marqueteiro possa inventar. O público alvo não deve fazer nenhum esforço mental para ser convencido, isto é, parte-se da premissa que as massas têm capacidade rara de compreensão e grande facilidade para esquecer. O ponto central desse método é o princípio da orquestração. Assim propaganda política deve se restringir a um número pequeno de idéias e repeti-las incansavelmente. A repetição sistemática as transforma em verdade, mesmo que sejam inverídicas ou mentirosas. Não se pode esquecer do ensinamento que se uma mentira se repete suficientemente, acaba por converter-se em verdade. O foco é desmontar o discurso do oponente. Para isso se aplica o princípio da renovação, ou seja, emitir constantemente informações e argumentos novos a um ritmo tal que, quando o adversário responder,  o público já está interessado em outro assunto. As respostas do oponente nunca devem poder contrariar o nível crescente de acusações.

 Para completar este decálogo. Construir argumentos de campanha a partir de fontes diversas, através  dos chamados balões de ensaios ou de informações fragmentadas. Difundir a parte que interessa a vitória e não o todo. Uma tática de ouro, é o princípio de calar sobre as questões das quais não se tem argumentos e encobrir as notícias que favorecem o adversário, com o uso dos meios de comunicação à exaustão. E, finalmente, o ponto mais contundente:  a propaganda opera sempre a partir de um substrato preexistente, seja uma mitologia ou um complexo de ódios e prejuízos  tradicionais com ou sem racionalidade. Importante é que as massas acreditem. Se trata de difundir argumentos que possam se nutrir em atitudes primitivas. Todas essas estratégias devem ser coroadas com a construção imagem que o candidato é “ um homem do povo e pensa como todo mundo.” Este foi o receituário utilizado na campanha eleitoral que levou ao poder através do voto o mais insano regime político imaginado pelo homem: o nazismo. O autor dessa metodologia foi Joseph Goebbels, que durante o período do horror da ditadura nazista, se incumbiu do ministério da propaganda. A campanha eleitoral a que se refere é de 1932, quando o partido ganhou apoio de parte significativa da população. Um método para ser lembrado como uma lição da história para que não se repita, ainda que aqui ou ali se note alguma semelhança com a atualidade.                     

Fonte: Heródoto Barbeiro - Record News / São Paulo-SP  
        

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