terça-feira, 21 de junho de 2016

A NOSSA VITÓRIA VEM DE DEUS


Nossa vida, muita vezes, é perturbada demais e parece que não ter ‘saída’ diante de tantos problemas. Há pessoas que me relatam dificuldades e me passam a sensação de que estão esmagadas perante difíceis realidades. Pessoas abandonados e sofridas que não enxergam uma ‘luz no fim do túnel’. Além das alegrias, e que acredito que sejam inúmeras, existem infinidades de provações que colocam o ser humano em um profundo desconforto e tristeza. Parece que a vida perdeu a sua força e, assim, as pessoas vão desconfiando de tudo e de todos. Parece que o sol não queira mais resplandecer. O salmo 19 das Sagradas Escrituras nos ajuda a dar uma resposta a tudo isso:

“Que o Senhor te escute no dia da provação, e te proteja o nome do Deus de Jacó. Do seu santuário, ele te socorra; e de Sião, ele te sustente. Lembre-se de tuas ofertas e aceite os teus sacrifícios. Conceda-te o que teu coração anela, e realize todos os teus desejos. Possamos nós alegrar-nos com tua vitória e levantar as bandeiras em nome de nosso Deus. Sim, que o Senhor realize todos os teus pedidos. Já sei que o Senhor reservou a vitória para seu ungido, e o ouviu do alto de seu santuário pelo poder de seu braço vencedor. Uns põem sua força nos carros, outros nos cavalos. Nós, porém, a temos em nome do Senhor, nosso Deus. Eles fraquejaram e foram vencidos, mas nós, de pé, continuamos firmes. Senhor, dai a vitória ao rei, e ouvi-nos no dia em que vos invocamos.”

Esse salmo, para entender melhor, nos mostra quem são os verdadeiros protagonistas que dominam a realidade e que, na verdade, quase não aparecem na cena: Deus e o rei. Porém, quem está no primeiro plano é a assembleia do povo de Israel. Mas, se formos analisar este salmo no sentido messiânico, ele se tornou para a tradição cristã um canto a Cristo rei que, não com os seus exércitos, mas com a força do Espírito entra no mundo para derrotar definitivamente o mal. Tudo foi enquadrado como se fosse uma celebração litúrgica no templo. Ela inicia com um rito sacrifical de intercessão acompanhado do coro dos sacerdotes que representa toda a assembleia litúrgica.

O ‘dia da provação’ é quando o rei, o consagrado por Deus, vai para a guerra e, portanto, é indispensável que Deus o proteja e o sustente. Sem a ajuda de Deus, torna-se difícil a luta e sair vencedor. Por isso, é importante a oração no templo. Incessantes orações e sacrifícios são a propiciação para a vitória do rei. Logo que termina a liturgia, o sacerdote se pronuncia através de um vaticínio se Deus acolheu a intercessão: “Já sei que o Senhor reservou a vitória para seu ungido, e o ouviu do alto de seu santuário pelo poder de seu braço vencedor.”

Aqui quando se fala de ungido revela que ele é bem protegido pelo Senhor, porque a sua vitória (do ungido) não é fruto de estratégias políticas e diplomacias tipicamente humanas, mas é fruto da intervenção do dono do universo, que é o Senhor. E termina o salmo com uma cena interessante, em que o povo reunido fica de pé, triunfalmente de corpo erguido; e de baixo dos seus pés se amontoam os mortos e feridos derrotados. Assim, toda assembleia responde ao sacerdote com um grito de tipo monárquico: “Salva o rei o Senhor”, que podemos dizer hoje “Viva o rei!”.

Este salmo nos inspira, à luz da nossa fé cristã, que não somente é vitorioso o Senhor Jesus, mas também todo o povo de Deus. Isto significa que qualquer situação, a mais cruel possível, não terá a palavra final sobre as nossas vidas. É Ele o Senhor da vida. Certa vez, celebrei uma missa de sétimo dia de um senhor bem jovem, benquisto por todo mundo que o conhecia e que tinha sido morto em uma emboscada covarde e sem explicações. Ao termino da missa, um irmão do finado me esperou fora da igreja e me falou que tinha planejado se vingar e matar essas pessoas que mataram o irmão dele. Mas depois de ter participado da missa ele reverteu o pensamento vingativo dele. Confessou com toda franqueza: “Desisti, padre, dessa vingança, porque agora entendi que eu não sou dono da vida. Ela pertence a Deus e, portanto, não posso me comportar como aqueles assassinos de meu irmão. Agora quero confiar em Deus. É Ele a minha justiça.”

A santa missa iluminou esse irmão aflito e abatido e deu-lhe confiança que Deus é a sua vitória e não os seus planos de vingança. Como esse nosso irmão que se deixou conquistar por Deus, mudando o seu pensamento, assim todos nós podemos nos deixar alcançar pelo nosso Senhor, garantia da nossa vitória. Portanto, uma vitória que não pode ser confundida com a do mundo.

Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro,

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