sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Soldado acusado de apoiar WikLeaks será fuzilado, se depender dos promotores militares dos EUA

O analista de inteligência do Exército acusado de ter entregado arquivos sigilosos ao site WikiLeaks ofereceu “acesso irrestrito” de segredos governamentais a inimigos dos EUA e, por isso, poderá ser condenado à morte, por fuzilamento, segundo um promotor militar. Nesta quinta-feira, um dos advogados de defesa do militar insistiu que o soldado não fez nada de mau.
Essas declarações foram parte dos argumentos finais da audiência para determinar se o soldado Bradley Manning, de 24 anos, deve ser submetido a corte marcial. O advogado de Manning disse que os promotores militares exageraram ao imputar 22 acusações penais contra o seu cliente. Eles alegaram que o vazamento dos documentos não prejudicou a segurança nacional, e que o governo estaria tentando forçar o soldado a se declarar culpado.
-- O céu não está caindo, o céu não caiu, e o céu não vai cair por causa do vazamento – disse o advogado David Coombs.
A acusação de auxiliar inimigos pode acarretar a pena de morte, mas a promotoria disse que solicitará, no máximo a prisão perpétua. Coombs disse que a promotoria precisa de um “choque de realidade”, e dedicou seus argumentos finais a tentar convencer a promotoria a pedir no máximo 30 anos de prisão ao acusado.
O tenente-coronel Paul Almanza, responsável pela investigação, irá agora examinar as provas apresentadas na audiência, e em 16 de janeiro entregará um parecer recomendando ou não a instalação de uma corte marcial contra Manning.
O soldado é acusado de ter baixado em um pen-drive mais de 700 mil arquivos sigilosos da SIPRNet (uma internet militar secreta), na época em que trabalhava como analista de inteligência no Iraque. Esses arquivos supostamente foram entregues ao WikiLeaks, que se dedica a divulgar segredos de corporações e governos.
A defesa de Manning tentou retratá-lo como um jovem emocionalmente perturbado, cujos problemas comportamentais deveriam ter levado seus superiores a revogarem seu acesso a informações sigilosas. Testemunhas disseram que Manning enviou um email ao seu sargento contando dos transtornos que uma confusão sobre sua identidade de gênero estaria criando para sua vida, seu trabalho e seu raciocínio. Manning havia criado um alter-ego feminino na internet, chamado Breanna Manning, segundo depoimentos prestados ao tribunal de instrução no Fort Meade, a nordeste de Washington.
O plenário ficou lotado para a audiência de quinta-feira. Um advogado de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, estava presente. A promotoria tentou provar que os dois mantinham contatos pela internet, e que o soldado desmereceu a confiança que havia recebido dos seus superiores.
– Ele deu aos inimigos dos Estados Unidos acesso irrestrito a esses documentos – disse o capitão Ashden Fein, chefe da promotoria.







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