Nunca esquecerei a primeira vez que pilotei uma motocicleta na cidade de São Paulo. Já se passaram dez anos, mas a sensação continua viva dentro de mim. Hoje, conduzir uma moto no caótico trânsito paulistano faz parte da minha rotina e o emaranhado de carros apressados já não me assusta como no debute. Aliás, por falar nisso, renomados pilotos de motovelocidade já me confessaram que trocam o guidão pelas quatro rodas quanto precisam encarar a hora do rush na metrópole.
Na verdade, o perigo é iminente a bordo de uma moto. O piloto deve sempre antever o perigo e usar equipamentos de segurança, para que os riscos sejam minimizados. É a boa e velha pilotagem defensiva e uso racional do veículo. Bons capacetes, jaquetas, luvas e botas ajudam a proteger o motociclista, mas esse texto tem como objetivo alertar, prevenir; partindo do pressuposto que nem sempre é preciso remediar.
Sei que a maioria das dicas abaixo já são velhas conhecidas de muitos, todavia não custa sublinhar os atos mais simples, a fim do motociclista aprender realmente o que não se deve fazer no trânsito urbano.
Nunca ande na direita
Seis horas da tarde, fim do expediente, o funcionário desliga o computador, pega o capacete e deixa a empresa. Já na saída no prédio, encontra o caos. Carros parados, ônibus trocando de faixa e nem mesmo um corredor com espaço mínimo para motos. Essa hora é complicada. O motociclista, que muitas vezes comprou uma moto só para furar o trânsito, é impaciente por natureza. Mas, nessa hora, não adianta, não há o que fazer.
Sair da esquerda e tentar passar os carros pela direita é uma loucura — para não falar suicídio. A sarjeta também não é uma via e jamais deve ser uma opção. Então, resta ao motociclista esperar e, com calma, trafegar somente pelo corredor que os carros já estão acostumados a vê-lo.
A pressa é inimiga da condução
Os amantes da motovelocidade podem sonhar em acelerar com vigor no apagar da luz vermelha, como um verdadeiro Valentino Rossi. Entretanto, no dia a dia, as coisas não são bem assim. O piloto, depois de o farol abrir, tem que esperar um pouco antes de partir. Muitos transeuntes desrespeitam o sinal de pedestre e a pressa nesse sentido é inimiga da condução. Por isso, conte até três e depois acelere. Não custa nada. Esta ação pode diminuir o risco de um atropelamento.
Mantenha distância
Parece óbvio, mas não é. Muitos motociclistas ainda se acidentam porque não mantêm distância segura dos outros veículos — principalmente a dos carros. Não sabemos quando os motoristas irão mudar de faixa, embora já tenham inventado a seta. Não sabemos quando uma porta irá se abrir, ou mesmo sairá um pedestre de trás de um caminhão – fora da faixa, lógico.
Por isso, mantenha a distância. Anteveja os riscos, diminua a velocidade quando achar que algo poderá dar errado e tenha calma. Muitas vezes o sexto sentido do piloto é o melhor sinal de alerta.
Sinalize tudo
Todo veículo maior deveria dar preferência ao menor. Caminhão para carro, carro para moto, moto para a bicicleta e a bicicleta para o pedestre. Mas, enquanto as regras não são assimiladas, prestemos atenção ao que acontece ao nosso redor. Toda mudança de direção deve ser sinalizada do trânsito urbano.
E não é só isso. Caminhões e ônibus são veículos compridos e todas as vezes que eles fazem uma conversão o motociclista deve ficar atento. Além de nunca dividir uma curva com veículos desse porte, o piloto tem que ter paciência, muita paciência.
Tenha paciência
Não à toa, a palavra paciência aparece muitas vezes neste texto. O motociclista urbano precisa de muita paciência. Brigas com motoristas, estresse para passar a frente de outro veículo ou chegar em primeiro, tudo isso é comum na pilotagem urbana, mas não deveria.
O melhor amigo do motociclista é a paciência. Relaxe e deixe espaço entre sua moto e a outra, pois você não está competindo com ninguém. Seguindo essas regras e munido de cautela, sua convivência com os demais veículos no caótico trânsito urbano será mais amistosa, com certeza.
Fonte: André Jordão/Agência Infomoto
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