Rondônia está presente na 17ª edição do Fórum Internacional Software Livre (FISL), o maior evento de tecnologias livres do mundo, de 13 a 16 de julho, em Porto Alegre. Lá desembarcarão, nesta quarta-feira (13), o aluno do 9º ano do Colégio Tiradentes da Polícia Militar em Jacy-Paraná, Rian Antonio do Amaral Balestrini, 14 anos, e a diretora do estabelecimento e orientadora, 1º tenente PM Erika Josiani Ossucci.
Em parceria com a Universidade Federal de Rondônia (Unir), o Colégio Tiradentes apresentará um sistema de irrigação automatizado que mede a umidade do solo e contribui com o uso mais racional da água, evitando desperdício. Ele funciona com energia elétrica ou bateria.
Caçula de quatro irmãos, Rian tem 14 anos, mas o corpo de moço de 18 e raciocínio bem claro ao explicar aonde quer chegar com a sua criação. O sistema usa um sensor de umidade [higrômetro] do solo que capta a umidade do solo, revelando se ele está seco ou molhado.
Esse sensor entrega ao arduino [plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa única] um sinal que varia entre zero e 5 volts [0 a 1023], permitindo especificar alcances de umidade relativa do solo.
COMO FUNCIONA
Quanto acende LEDs. A luz vermelha, indica que o solo está seco; amarela indica solo encharcado; verde-clara informa que a bomba ligou; e verde-escuro, a liberação de água.
O acionamento da bomba d’água é feito por um relé, isolado da parte eletrônica por um acoplador óptico na entrada. Esse acoplador opera por meio de um feixe de luz, para transmitir sinais de um circuito para outro, sem a ligação elétrica.
A bomba será desligada automaticamente após um tempo pré-determinado de operação mínima – por exemplo, 30 segundos. Se a irrigação não foi suficiente e o solo continuar seco, a bomba novamente será acionada.
“Se não houver água no reservatório, o sensor não permite a ligação. O aparelho tem um limite. A bomba mantém o solo úmido e está programada para não ser ativada, caso encharcar”, explica.
O uso de um display LCD [cristal líquido em inglês] possibilita notificar todas as ações, juntamente com o RTC [real time clock]. um relógio em tempo real. A irrigação só pode ser feita se o solo estiver seco e em hora pré-determinada, preferencialmente às 6h da manhã.
A justificativa do projeto é óbvia, explica a diretora Erika Ossucci: “Durante muitos anos a população vem usando os recursos naturais de maneira desgovernada e sem medir consequências ambientais”.
Rian não está satisfeito. Pretende colocar nele, ainda, uma válvula solenoide, que tem bobina formada por um fio enrolado num cilindro. Quando uma corrente elétrica passa por este fio, ela gera uma força no centro da bobina, acionando o êmbolo da válvula para abertura e fechamento.
“Esperamos construir um protótipo capaz de irrigar o solo seco e parar a água com o solo úmido”, acrescentou.
JACY-PARANÁ
“Jacy-Paraná entra no mapa”, exclama a diretora.
A escola da Rua Bem-Te-Vi, Gleba 26, começa a ganhar fama. Entre os seus notáveis, Rian agora se destaca. Nascido em Juína [noroeste mato-grossense] em 2001, chegou a Jacy com apenas três meses, levado pela mãe Vânia Maria Borbes do Amaral. O pai, Luiz Antonio Balestrini, com aptidão de mecânico, conforme descreve Rian, era madeireiro no vizinho estado.
“É o segundo invento dele. O primeiro foi um robô de resgate que se desvia de obstáculos, seguindo linhas iluminadas”, lembra animada a diretora.
Esse distrito, a 90 quilômetros de Porto Velho, recebeu no século passado centenas de levas de migrantes nordestinos que embarcavam pelo trem da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, rumo aos seringais.
FEROCIT
Mesmo sem laboratórios e sem um projeto sequer, o Colégio Tiradentes participou da Feira de Rondônia Científica de Inovação e Tecnologia (Ferocit), promovida pela Seduc em 2015. “Eu sugeri aos alunos: quem tiver algum projeto me procure, e a partir daí três grupos demonstraram interesse, num deles veio Rian com o robô; outros apresentaram um gerador e um sistema de reciclagem de água no chuveiro”.
Rian obteve o 2º lugar na Ferocit. Atualmente, dois grupos trabalham com robótica na escola, um no ensino médio, outro no fundamental.
“As portas se abriram na Unir”, comenta Erika Ossucci. Ela é grata ao professor doutor Fabrício Moraes de Almeida e à técnica em eletrônica Larissa Paula de França. Ambos apoiaram os alunos.
“Eu enviei a relação dos alunos e eles começaram a frequentar a Unir uma vez por semana, e na escola reunimos os grupos e aplicamos provas regulares”.
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Fonte
Texto: Montezuma Cruz
Fotos: Admilson Knightz
Secom - Governo de Rondônia
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