Aparentemente o anonimato sumiu com o advento das redes sociais. Em algum escaninho da internet é possível encontrar uma foto, vídeo, texto ou mesmo uma referência de um ser humano. É verdade que há alguns dos sete bilhões de pessoas que não tem acesso a essas informações. Mas isto não quer dizer que elas não possam estar retratadas, ou no mínimo citadas no cipoal virtual de bits e bytes. O simples fato de aparecer em uma ferramenta pode redundar em uma enxurrada de seguidores. São mais seguidos os que tiveram já alguma aparição na rede, não importa se ´um voluntário de uma ong que luta contra o ebola na África, ou um serial killer que acabou de sair da prisão. O que importa é fazer parte desse cenário, como seguidor ou como seguido. Não há avaliação de ordem moral ou ética, afinal qualquer pessoa que tem acesso a rede pode escolher livremente quem seguir. Muitas vezes essa exposição é involuntária. Esquecer um device sem senha pode resultar em uma exibição de caráter global, seja qual for o conteúdo do arquivo.
Após meio milhão de seguidores no Twitter, muitos se perguntaram, afinal quem esse tal de Edward Snowden ? O que foi o que ele vazou? Ele é famoso ? É mais ou menos como se subíssemos em uma ônibus e depois de algum tempo perguntássemos ao motorista para onde vai o coletivo. Essa multidão de fieis se juntou em apenas quatro horas. Coisa de 2000 seguidores por minuto. Snowden é ex-funcionário da CIA e ficou mundialmente conhecido por violar o sigilo dos arquivos e torna-los públicos na rede. Por causa disso se auto exilou e passou a divulgar documentos que Tio Sam não gostou de ver exibido na rede. Snowdw bem que tentou refrescar a memória de alguns internautas dizendo que costumava trabalhar para o governo e que agora trabalhava para o público. Sem dúvida uma atitude de mérito ainda que no seu país é considerado um fugitivo da justiça. Parte da opinião pública do seu país o considera um traidor, uma vez que quebrou o compromisso de não violar informações que põem em risco a segurança nacional. Nada que possa ser comparado com os velhos espiões da época da guerra fria.
O estrago que fez no serviço de informação americano foi grande. Ao denunciar que chefes de estado também eram espionados colocou a diplomacia americana nas cordas. Afinal faziam rastreamento na rede de chefes amigos e inimigos. Pior era espionar os aliados. Buscou asilo na Rússia, sucessora das União Soviética e da guerra fria com os Estados Unidos. Com isto a opinião pública americana ficou ainda mais dividida: herói ou traidor. A rede é cruel. Pode em pouco tempo fazer do herói um traidor ou vice versa. O efeito manada há muito deixou as mídias tradicionais e se instalou nas mídias sociais. O estouro da boiada agora foi turbinado como nunca e espaço para raciocinar, usar o espírito crítico, ou simplesmente se perguntar porque estou correndo nessa direção ficou ainda mais difícil. O perigo de refletir no meio de uma manada é ser pisoteado por ela, ou atropelado por uma multidão global de bovinos virtuais em todos os idiomas.
Fonte: Herodoto Barbeiro
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