sábado, 20 de outubro de 2012

ÚLTIMO CREDO

Augusto dos Anjos
Como ama o homem adúltero o adultério
E o ébrio a garrafa tóxica de rum,
Amo o coveiro - êste ladrão comum
Que arrasta a gente para o cemitério!

É o transcendentalíssimo mistério!
É o nous, é o pneuma, é o ego sum qui sum, 
É a morte, é êsse danado número  Um
Que matou Cristo e que matou Tibério!

Creio, como o filósofo mais crente,
Na generalidade decrescente
Com que a substância cósmica evolui...

Creio, perante a evolução intensa,
Que o homem universal de amanhã vença
O homem particular que eu ontem fui!

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