domingo, 28 de outubro de 2012

Cresce registro de sífilis em bebês no Brasil

O registro de casos de bebês que nasceram com sífilis subiu 53% no intervalo de dois anos, passando de 6,1 mil casos em 2009 para 9,4 mil em 2011. Em comparação, nos cinco anos anteriores, a alta desses casos não chegou a 9%.  Para o Ministério da Saúde, a aceleração é positiva porque reflete o esforço de identificação precoce da doença e de redução da taxa de casos que não eram notificados - estimada no passado em cerca de 60%. "Até 2005, a gente tinha poucos casos notificados, o que aparentemente era bom. Mas, em 2004, por estimativas indiretas e juntado os óbitos, chegamos à conclusão de que tínhamos 12 mil casos por ano", diz Jarbas Barbosa, secretário de Vigilância em Saúde da pasta.

A sífilis pode ser transmitida ao feto pela mãe. A depender da gravidade e da forma de manifestação, a doença pode causar alterações ósseas, comprometimento do sistema nervoso central e até a morte da criança. A doença é evitável no bebê caso a gestante receba o diagnóstico e seja tratada. A meta é baixar a incidência, hoje em 3,3 casos por mil bebês nascidos vivos, para menos de um mil até 2015. Para chegar a isso a estratégia é ampliar a oferta de testes rápidos contra sífilis no pré-natal do SUS, que garantem  a entrega do resultado à grávida antes do parto. "Em casos de gestantes com dificuldade de se deslocar ao pré-natal, o exame tradicional era feito, mas se perdia a oportunidade de tratar a mulher, e o bebê nascia com a doença diz o secretário.

A expectativa é que, até o fim de 2014, todas as gestantes atendidas na rede pública façam este teste rápido. Heloisa Helena Marques, do departamento científico da Sociedade Brasileira de Pediatria, concorda com a explicação de que o aumento se deve à maior identificação e não ao crescimento de casos. "Ter 5.000 casos e ter um aumento é um indicador de que a gente está testando mais", afirma ela. O esforço de melhorar o diagnóstico da gestante é antigo, segundo a médica. Quando isso n ão é possível, diz, um teste imediato da criança permite o tratamento precoce, além do acompanhamento da família.

Já para Sérgio Peixoto, professor de ginecologia e obstetrícia da Faculdade de Medicina da USP, os dados devem servir de alerta para o crescimento das doenças sexualmente transmissíveis. "Concordo que tínhamos problema na sub-notificação. Na sífilis, estamos vendo um aumento nos dois lados: tanto na incidência da doença quanto nas notificações.  Helena Shmizu, coordenadora do programa de pós-graduação em saúde coletiva da UnB, destaca a necessidade de melhorar a estrutura de diagnóstico e tratamento. "A abordagem clínica é simples, mas falta estrutura. Já a abordagem social do problema não é muito simples".

DE MÃE PARA O FILHO - No Brasil, incidência de sífilis congênita é de 3,3 casos por mil bebês nascidos vivos.
SÍFILIS
É uma doença infecciosa causada pela bactéria "Treponema pallidum", transmitida por relação sexual, transfusão de sangue ou da mãe infectada para o bebê na gestação ou no parto. Os principais sintomas da doença, quando ela é transmitida por via sexual, são pequenas feridas nos órgãos genitais e caroços nas virilhas.

A  DOENÇA CONGÊNITA - É o resultado da transmissão de mãe para filho.
CONSEQUÊNCIAS
A sífilis na gravidez pode causar aborto - O bebê pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos, surdez ou deficiência mental. Em alguns casos, a doença pode ser fatal.
PREVENÇÃO
Com o diagnóstico da doença no pré-natal e o tratamento adequado da gestante e do parceiro, é possível eliminar a sífilis congênita. O exame de sangue deve ser pedido no primeiro trimestre da gravidez.
TRATAMENTO
É importante que seja feito com a penicilina, única droga capaz de tratar a mãe e o bebê.
Fonte: USP



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