quarta-feira, 16 de setembro de 2015

VIGILÂNCIA NECESSÁRIA

Todas as pessoas, independente de seu grau de escolaridade, exercem a faculdade humana de opinar. É inerente ao ser humano tomar posição sobre os temas do cotidiano, do país, do mundo e quiça do universo. Alguns opinam até mesmo nas esferas religiosas. Em algumas profissões, como a dos jornalistas por exemplo, opinar faz parte do fazer jornalismo,  ainda que muitas vezes ele  não se apresente de forma clara, visível. Todavia, opinar é um ato de responsabilidade, e nem sempre se avalia corretamente os fatos e as circunstâncias para se emitir uma opinião. Primeiro se julga, para o bem ou para o mal, e se houver oportunidade se toma conhecimento do que realmente ocorreu. Obviamente essa não é a pressa bendita que o público espera de quem apura notícias de interesse público. Teoricamente, emitir opinião deve esta mergulhada na possibilidade de aprender, estabelecer relacionamentos e ampliar conhecimentos. É verdade que em determinadas plataforma não se percebe claramente o que é opininativo, interpretativo ou informativo. Mas o público tem o direito de saber,mesmo não sendo um ombudsman.
Alguns personagens ultrapassam o seu tempo e são objetos da história porque opinaram fortemente em determinadas circunstancias. Há inúmeros exemplos como o de Churchill, que defendeu que a Inglaterra não fizesse acordo com os nazistas e continuasse lutando a custa de sangue, suor e lágrimas. Antes de decidir, opinou, formou convicção sobre uma decisão tão grave e que custou a vida de muitos dos dois lados. É verdade que ele representava os interesses britânicos, sua classe social, sua ideologia política imerso no contexto da guerra. Contudo mesmo assim seus fins particulares coincidiram com a vontade do espírito universal e por isso se tornou um grande nome da história. Esta é também a visão de Hegel. Assim é possível que o jornalismo ou a história, cada um em seu tempo de atuação, seja feita pela opinião pública e não fica circunscrita apenas aos heróis e as classes dominantes. É nesse cenário que atuaram homens e mulheres como Mandela, Gandhi, Madre Tereza e muitos outros. Podem ser encontrados tanto nas reportagens jornalísticas como nos livros de história.
Há um embate entre a opinião pública, formadora e divulgadora de opiniões e os sistemas autoritários. Sejam eles políticos, eclesiásticos, corporativos ou militares. Nessas organizações o direito de opinar é reservado aos que ocupam os altos escalão da hierarquia, como o chefe do partido, o papa, o CEO, ou o comandante em chefe. É uma posição de força, ainda que revestida de legitimidade e se desenvolve em entidades não democráticas pela sua natureza. Assim, um crachá, uma farda ou um hábito religioso não são apenas modo de se vestir, ou de representar junto à opinião pública sua organização, mas também um modo de pensar, uma vez que todos se submetem a mesma hierarquia. Logo são reprodutores das opiniões concebidas de cima para baixo e discordar delas pode resultar no afastamento voluntário ou não do grupo. Para que a opinião dos mais fortes não se imponha socialmente aos mais fracos há a mídia e dentro dela o jornalismo. Seja ele de um grande grupo de comunicação ou  uma plataforma independente na web. Ele refreia os excessos cometidos pela alta cúpula quando divulga para parte ou toda a opinião pública as opiniões que norteiam essas organizações. E elas ficam mais claras, transparentes, equilibradas, comprometidas com o social, a defesa do meio ambiente, não porque são necessariamente nobres,mas porque são vigiadas pela opinião pública.
Fonte: Coluna do Heródoto Barbeiro - Record News / São Paulo-SP

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