quinta-feira, 4 de junho de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de Marcos 3, 20-35

A verdadeira família é um ensaio de amor. Assim falou o nosso Mestre Jesus: “E, repassando com o olhar os que estavam sentados ao seu redor, disse: “Eis a minha mãe e os meus irmãos. Quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.

No evangelho de hoje, temos a demonstração do quanto Deus nos ama. Ele assume as nossas pobrezas. Não é indiferente com os nossos sofrimentos e toma a iniciativa de estar próximo da gente, ajudando-nos a carregá-los. De nossa parte precisamos, simplesmente, acolhê-Lo. Ele é bem concreto. Sem demagogia nenhuma, aposta na nossa vida, enaltecendo-a, porque é de Deus. Veja como é fácil falar das dores, das tristezas, dos abandonos, dos desesperos, mas como é difícil comungá-los, compartilhá-los com as pessoas para se sentirem bem, não obstante as provas crueis da vida.

Essa palavra de Deus é bastante pesada, porque diz que cumprir a vontade de Deus entre nós está acima de qualquer coisa, até das pessoas mais queridas, e até da própria mãe. Assim sendo, percebe quanta coragem tem que ter para acolher Deus na nossa vida. De outro jeito podemos correr esse perigo: “Em verdade vos digo: todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, mesmo as suas blasfêmias; mas todo o que tiver blasfemado contra o Espírito Santo jamais terá perdão, mas será culpado de um pecado eterno.”

Mas quem experimenta esse Amor de Deus ‘tudo lhe é possível’, diz o apóstolo Paulo. Nada pode lhe obstacular em fazer a vontade de Deus. Uma vida cheia de amor de Deus se torna corajosa e destemida em se doar. O evangelho escrito por Marcos é o mais antigo, e fala da família de Jesus que o procura, porque estava preocupada.

O que significa isto? No antigo Israel, a comunidade, isto é, a grande família, era o esteio da vida social. Através da família se garantia a posse da terra, a defesa das pessoas e das suas identidades e das tradições. Desse jeito concretizavam o amor de Deus e do próximo. Portanto, defender a família era a mesma coisa que defender a aliança de Deus com o seu povo. No tempo de Jesus, a família se enfraqueceu, devido ao sistema dos novos governos que impuseram muitos impostos, aumentaram as dívidas, difundiu-se uma mentalidade individualística, e a invasão do poderoso império romano. Por sinal, vale a pena acrescentar que não é diferente dos nossos tempos.

Perante uma realidade de problemas e sofrimentos, a família se fechou em si, como autodefesa. Perdeu aquela força que antigamente permitia de ser a alma da sociedade; a garantia de ser o amparo para todos. Com os infinitos problemas que a família teve que abarcar, impediu-se, assim, que as pessoas se reunissem em comunidade. Resultado: aumentaram os obstáculos para a manifestação do Reino de Deus através da partilha comunitária das pessoas. As pessoas se fecharam em si, nas suas pequenas famílias, abandonando a comunidade maior.

Insisto, será que hoje temos algo parecido com a família daquele tempo? Por isso, diz o evangelho, quando a sua família tentou se apropriar Dele, Jesus reagiu dizendo quem era a sua família, que ia bem além de sua mãe e seus parentes. “Quem faz a vontade de Deus esse é minha mãe, meu irmão e minha irmã.” Assim, Ele criou a comunidade, abrindo de novo as famílias para abrigarem todo mundo, sobretudo quem mais necessitava; demonstrando desse modo uma presença efetiva do Reino de Deus; restaurando a família, verdadeira comunidade, revela a encarnação do amor de Deus e do próximo. Concluindo pergunto-te: as famílias que estão ao seu redor e que você conhece, são fechadas em si ou se preocupam fazer uma comunhão com os outros, abertas em acolher as pessoas, sobretudo as que mais necessitam?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação

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