Quantas pessoas me dizem “quero ser feliz” e eu questiono “o que é a felicidade?” Ela é um grande anseio de ser humano. As pessoas perseguem essa meta com todas as próprias forças e entendimento. Mas a questão, na verdade, é o que se entende por felicidade. Achei interessante uma pesquisa, via imprensa e web, realizada nos Estados Unidos, que relevou que o primeiro ingrediente da felicidade é a segurança econômica. Ter bastante dinheiro para sobreviver. E também a felicidade está concentrada nos finais de semana, transcorridos na casa, com amigos ou na própria comunidade.
Constatando tudo isso, embora realidades e culturas diferentes, parece-me ter uma coisa em comum com a nossa realidade: a felicidade é segurança econômica, família e amigos. Posso também acrescentar que nem tudo isso se possa generalizar, porque tem gente do nosso povo que é feliz por outros motivos bem mais humildes e por experiências religiosas. Contudo, a questão econômica é um fato marcante na vida do povo. Foi revelado outro elemento interessante na pesquisa: quando as pessoas estão bastante infelizes, para diminuir a infelicidade, jogam-se nas guloseimas e no excesso de bebida, como forma de desestre-se.
No entanto, é verdade que a pesquisa feita aqui no Brasil pelo Instituto Akatu, por ocasião do Dia Mundial do Consumidor, revela que somente 30% dos brasileiros acham que o dinheiro traz felicidade. A maioria, isto é, os dois terços dos entrevistados, disseram que ter a própria família com saúde, de viver com saúde, é a maior felicidade. Quantas vezes eu já ouvi dizer: “Quando chego a casa, depois de um dia de trabalho, tomo um banho, vejo minha esposa e meus filhos, fico feliz”.
Além do mais, 60% se dizem felizes por conviver bem com a sua família e seus amigos. Segundo o diretor do Akatu, Hélio Mattar, a felicidade para os brasileiros não está relacionada com aumento de consumo, mas “trabalhar pela saúde e prover condições para o verdadeiro bem-viver, com suficiência material e tempo para desfrutar a vida em companhia dos amigos e familiares, num ambiente seguro e acolhedor”. Estando assim, é evidente que a importância do relacionamento entre as pessoas e ter condições de viver sem o medo de ser assaltado são prioritários.
E mais: pode-se constatar no povo a distância muito grande entre as palavras ‘política’ e ‘felicidade’. Parece que a política não consegue satisfazer muito a população brasileira. Essa impressão é vinda pelos comentários constantes ouvidos no cotidiano. Todos esses escândalos de corrupção que estamos assistindo, envolvendo gente grande, políticos e administradores, geram grande insatisfação na vida do povo brasileiro. Parece que o povo se sente mais inseguro e abandonado. Uma felicidade comprometida. A grande pergunta que paira no ar é essa: “Por que tudo isso? Pra quem vamos confiar desse jeito?”. Tudo isso gera instabilidade e consequentemente mais infelicidade.
O grande filósofo Aristóteles dizia que a felicidade é “o sentido e a finalidade da vida, a total finalidade da existência humana.” E o que fala Jesus, o nosso Mestre, a respeito? Vimos que quem encontra Jesus se torna feliz. Porém, nem sempre é assim. Como foi o caso do jovem rico, quando encontrou Jesus lhe pediu o que lhe faltava para ele ser feliz, visto que observava todos os mandamentos de Deus desde a sua infância. E Jesus lhe propõe de se ocupar mais ao lado dos outros com a doação dos seus bens. Mas qual foi a reação? Esse jovem, que era preso as suas riquezas, decidiu optar pela tristeza porque os seus bens o possuíram; era tremendamente amarrado a eles. Não era livre, porque se tornou escravo dos seus bens materiais.
A felicidade, segundo o mestre da Galileia, é sermos livres em relação aos bens materiais, não sermos presos àquilo que é passageiro, que passa rápido: apostar naquilo que fica para sempre. Assim sendo, eu creio firmemente que a melhor resposta sobre a felicidade é a de Jesus Cristo: apostar naquilo que fica para sempre e não naquilo que passa. Felicidade é crer na vida, uma vida sem fim e pra isso nós queremos nos concentrar. Concluindo, quero insistir que apostar no dinheiro não gera felicidade, porque o dinheiro não é eterno. E uma nação é feliz quando os seus habitantes são felizes, porque vivem uma verdadeira realidade de fraternidade e unidade. Deste modo, felicidade não é um sonho, mas realidade!
Fonte: Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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