domingo, 28 de junho de 2015

A Arte da Prudência

Selecionar os amigos.

Baltasar Gracián
Devem ser analisados pela discrição, testados pelas mutações da fortuna e ter comprovada não apenas a força de vontade, como também a compreensão. E apesar de boa parte do sucesso depender disso, pouco se lhe dispensa cuidado. Algumas amizades se adquirem através da diversão, a maioria, por mero acaso. Somos julgados pelos amigos que temos, e os sábios nunca se dão com tolos. Gostar da companhia de alguém não faz deste um amigo íntimo. Às vezes, apreciamos seu senso de humor, embora sem confiar totalmente em sua capacidade. Algumas amizades são legítimas, outras, adúlteras: as últimas são para o deleite, as primeiras são férteis de acertos. O discernimento de um amigo vale mais do que a boa vontade de muitos outros. Portanto, que a escolha domine, não o acaso. Os amigos sábios afugentam dissabores, enquanto os tolos os acumulam. E não desejo sorte demais a seus amigos caso queira conservá-los. Poucos têm amizade pelas pessoas, muitos pela sua fortuna.

Fonte: Do Livro A Arte da Prudência - Autor: Baltasar Gracián


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