quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

A UM MASCARADO

Augusto dos Anjos
Rasga essa máscara ótima de sêda
E atira-a à arca ancestral dos polimpsestos...
É noite, e, à noite, a escândalos e incestos
É natural que o instinto humano acceda!

Sem que te arranquem da garganta quêda
A interjeição danada dos protestos,
Hás de engulir, igual a um porco, os restos
Duma comida horrìvelmente azêda!

A sucessão de hebdômadas medonhas
Reduzirá os mundos que tu sonhas
Ao microcosmos do ôvo primitivo...

E tu mesmo, após a árdua e atra refrega,
Terás sòmente uma vontade cega
E uma tendência obscura de ser vivo!

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