sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

NA HORA DA TRIBULAÇÃO, CLAMEI AO SENHOR

O salmo 119 faz parte do “cântico das ascensões”. Poderíamos até considera-lo um canto do peregrino de Sião. Um homem que fez a experiência do socorro de Deus na aflição, no desespero, e agora é alvejado pelos inimigos que tentam, de toda maneira, acabar com ele; e ele, por sua vez, depõe toda confiança no Senhor.

O hino inicia com uma lamentação: “Na hora da tribulação, clamei ao Senhor e ele me atendeu”. Com este versículo, define-se, praticamente, toda a estruturação do salmo. É a partir daí que se desenvolve a oração. Enfoca-se numa vigorosa discussão contra os ‘lábios mentirosos’ e ‘a língua pérfida’, isto é, o falar mal dos outros, fazer fofocas e, assim, colocando na cruz a vida de uma pessoa. O fiel rezando pede a intercessão do juízo de Deus sobre esse tipo de perseguição que pessoas mal intencionadas fazem.

E o salmista acrescenta: “Que ganharás, qual será teu proveito, ó língua pérfida? Flechas agudas de guerreiro, carvões ardentes de giesta”. Assim sendo, as palavras são parecidas a flechas bem agudas que um combatente joga contra ao seu adversário. A respeito disso, o papa Francisco falou o seguinte, na audiência geral de 14 de novembro: “O bisbilhoteiro, a bisbilhoteira, são pessoas que matam: matam os outros, porque a língua mata como uma faca. Tenham atenção! Um bisbilhoteiro ou bisbilhoteira é um terrorista, porque com a sua língua atira a bomba e vai embora tranquilo, mas o que diz aquela bomba lançada destrói a fama dos outros”. Porém, Deus, pela sua imensa potência, pode evitar essa terrível crueldade e faze-la voltar pra quem mesmo fofocou. O autor do salmo insiste, dizendo que as palavras são parecidas também a ‘carvões ardentes de giesta’. E acrescenta que Deus pode pega-los e joga-los de novo contra quem os jogou. E isto é terrível.

A segunda parte, dos versículos de 5 a 7, dá continuidade ao aspecto belicoso. Uma intercessão que inicia com ar de preocupação: “Ai de mim!”. É o fiel que se sente abandonado. Ele diz isto porque, vivendo em Israel, parece que vive em Mosoch, habitantes do Caucásio, ou em Cedar, território no deserto da Síria. Cedar e Mosoch são considerados como sinônimos de “bárbaros”, isto é, que não tem lei, não tem direito a defendê-lo, praticamente existe somente as leis do mais experto e a do mais poderoso.

Este fiel se encontra circundado por um ambiente bárbaro e inimigo. Perigoso e antagônico. Os olhos do fiel, do suplicante, são direcionados para Sião, que aqui é evocada de maneira alusiva com a palavra “paz”. Este fiel se identifica com a sagrada Jerusalém e, portanto, considera-se um morador espiritual desta ‘cidade da paz’.

Assim sendo, este salmo, podemos dizer, se torna uma oração certa para os operadores da paz. Por que isso? Porque eles devem enfrentar um mundo totalmente hostil e perigoso, não obstante isso, devem proclamar sempre a paz, deixando a Deus o julgamento.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


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