O salmo 116 é o mais breve de todos os 150 salmos das Sagradas Escrituras. Poderíamos compara-lo a uma oração simples e breve do nosso dia-a-dia, como o ‘Glória ao Pai’. Isto também ao término da reza de cada salmo se diz “Glória ao Pai...”. Este salmo é um convite para todos os povos a louvar o Senhor. Louvor é uma alta expressão de fé, reconhecimento das nações ao seu Deus. De fato, estamos em uma busca que vai além de nossa dimensão humana. Nessa busca, não temos nenhuma certeza, mas, mesmo assim, buscamos. É isso que dá sentido ao nosso ser. Buscando, não nos fechamos nem nas nossas “pequenas coisas do dia-a-dia” nem nas “coisonas” que vivemos, nas grandes conquistas ou nas grandes dores. Enxergamos além!
No fundo da consciência, na intimidade do ser coração, o ser humano chega a essa voz que o chama ao Bem. Ele sente “a lei escrita pelo próprio Deus no seu coração”. A consciência, portanto, é o centro mais secreto, o santuário do ser humano. Na intimidade do ser, encontra-se a voz de Deus. E, nessa intimidade, os seres humanos estão unidos aos demais. Por conseguinte, se prevalece a reta consciência, as pessoas têm condições de se manterem longe das escravidões e das opressões do mundo, de construírem seu mundo mais justo, mais próximo do Reino de Deus.
Por isso, o salmo é um canto de ação de garças de todos os justos que buscam e amam Deus de coração sincero: “Porque sem limites é a sua misericórdia para conosco, e eterna a fidelidade do Senhor.” Essa oração não se restringe somente a um povo, mas a todos de origens diferentes, culturas e línguas diversas e também de outras histórias e espiritualidades. Não exclui ninguém: "Aleluia. Louvai ao Senhor todas as nações, louvai-o todos os povos”. O que nós consideramos rezando esse hino, embora breve, um conteúdo expressivo de teologia bíblica da Aliança onde se exalta o “amor” e a “fidelidade”, quais referências fundamentais da ação de Deus.
O que se entende por isso? Primeiro o amor. Ele abraça os valores como a fidelidade, a misericórdia, a bondade e a ternura. Isto significa que entre nós e o Senhor existe uma relação que não é fria como efetivamente aquela entre um rei e um seu súdito, um subalterno, mas como aquela que se desenvolve entre dois amigos, entre os esposos, entre pai e mãe com os seus filhos. Segundo a fidelidade. A fidelidade em si manifesta a ‘verdade’, isto é, a genuinidade de uma relação, a autenticidade e, ao mesmo tempo, a lealdade que se mantém não obstante os obstáculos e as provas da vida. Por isso, o autor do salmo diz que em tudo isso ‘dura pela eternidade’. O amor de Deus é fiel para a eternidade e ele é puro e alegre que não se deixa condicionar pelas nossas infidelidades e misérias humanas. Ele nunca nos abandona. Ele não quer nos deixar perder nas trevas do não sentido da vida, do vazio da vida e, sobretudo, da morte.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
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