sábado, 26 de julho de 2014

A ÚLTIMA VIAGEM DO TREM DA MADEIRA-MAMORÉ

Consultor: Abnael Machado de Lima, professor, historiador, membro da Academia de Letras de Rondônia e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia

No último, 10 de junho, completou 42 anos da "morte" daquilo que deu início a tudo o que é hoje o Estado de Rondônia. A extinção definitiva da ferrovia madeira-Mamoré, fato ocorrido naquela data, em 1972, quase  60 anos depois de sua inauguração e 41 anos depois que o consórcio anglo-canadense abandonou a estrada e o coronel Aluízio Ferreira assumiu, por determinação do Governo Federal, a sua administração.

A construção da EFMM, considerada a época, de forma orgulhosa, "a maior obra norte-americana fora dos Estados Unidos" atendeu a uma velha reivindicação boliviana mas corporificada só depois que seringueiros e seus "patrões", na região onde é hoje o Estado do Acre, invadiram aquelas terras então pertencentes àquele país. A obra, fruto do Tratado de Petrópolis, foi construída entre 1907 e 1912 quando foi inaugurada.

A decisão de extinguir a ferrovia havia sido tomada em 25 de maio de 1966, por decreto do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, mas ela só deixou de funcionar a 10 de julho de 1972 quando a rodovia interligando Abunã a Guajará-Mirim, já estava pronta.

A execução da decisão do presidente Castelo Branco foi feita pelo 5º Batalhão de Engenharia de Construção, unidade cujos primeiros contingentes chegaram a Porto Velho em 1966, e isso gerou uma discussão grandes que colocou de um lado o BEC e, de outro, parte importante da sociedade local, ferroviários e seus familiares - um atrito que, passados mais dd 40 anos, ainda perdura.

Em 1981, depois de um seminário sobre a ferrovia, realizado num dos galpões da estação de Porto Velho, o governador Jorge Teixeira mandou fazer um estudo e abrir dois trechos, com finalidade turística, entre Guajará-Mirim e Bananeiras e Porto Velho a Santo Antonio. Mas isso durou pouco.

Quem assistiu aos últimos momentos da ferrovia não esquece. O comerciário aposentado Graciliano Maia (então morador de Guajará-Mirim), ainda se diz impressionado "com a frieza do Coronel Oliveira (diretor da EFMM) que não se sensibilizou com o sofrimento que aquele ato iria causar a centenas de famílias de pequenos agricultores que ficaram entregue à própria sorte no meio da selva".

"A manutenção da Madeira-Mamoré era um necessidade para incentivar o desenvolvimento da produção agrícola da região que a ferrovia passava e onde muitas famílias produziam e abasteciam Porto Velho e Guajará-Mirim. A função social dela tinha grande importância", disse o jornalista Euro Tourinho.

Filho de um dos oficiais pioneiros do 5º BEC, Alarcão Sidney chega a fazer um desafio aos que alegam que máquinas da EFMM foram atiradas pelo BEC no rio Madeira.  "Sou capaz de pagar mergulhador para encontrar isso que  essas pessoas dizem".

Fonte: Lúcio Albuquerque / Jornal Alto Madeira

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