Consultor: Abnael Machado de Lima, professor, historiador, membro da Academia de Letras de Rondônia e do Instituto Histórico e Geográfico de Rondônia
No último, 10 de junho, completou 42 anos da "morte" daquilo que deu início a tudo o que é hoje o Estado de Rondônia. A extinção definitiva da ferrovia madeira-Mamoré, fato ocorrido naquela data, em 1972, quase 60 anos depois de sua inauguração e 41 anos depois que o consórcio anglo-canadense abandonou a estrada e o coronel Aluízio Ferreira assumiu, por determinação do Governo Federal, a sua administração.
A construção da EFMM, considerada a época, de forma orgulhosa, "a maior obra norte-americana fora dos Estados Unidos" atendeu a uma velha reivindicação boliviana mas corporificada só depois que seringueiros e seus "patrões", na região onde é hoje o Estado do Acre, invadiram aquelas terras então pertencentes àquele país. A obra, fruto do Tratado de Petrópolis, foi construída entre 1907 e 1912 quando foi inaugurada.
A decisão de extinguir a ferrovia havia sido tomada em 25 de maio de 1966, por decreto do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, mas ela só deixou de funcionar a 10 de julho de 1972 quando a rodovia interligando Abunã a Guajará-Mirim, já estava pronta.
A execução da decisão do presidente Castelo Branco foi feita pelo 5º Batalhão de Engenharia de Construção, unidade cujos primeiros contingentes chegaram a Porto Velho em 1966, e isso gerou uma discussão grandes que colocou de um lado o BEC e, de outro, parte importante da sociedade local, ferroviários e seus familiares - um atrito que, passados mais dd 40 anos, ainda perdura.
Em 1981, depois de um seminário sobre a ferrovia, realizado num dos galpões da estação de Porto Velho, o governador Jorge Teixeira mandou fazer um estudo e abrir dois trechos, com finalidade turística, entre Guajará-Mirim e Bananeiras e Porto Velho a Santo Antonio. Mas isso durou pouco.
Quem assistiu aos últimos momentos da ferrovia não esquece. O comerciário aposentado Graciliano Maia (então morador de Guajará-Mirim), ainda se diz impressionado "com a frieza do Coronel Oliveira (diretor da EFMM) que não se sensibilizou com o sofrimento que aquele ato iria causar a centenas de famílias de pequenos agricultores que ficaram entregue à própria sorte no meio da selva".
"A manutenção da Madeira-Mamoré era um necessidade para incentivar o desenvolvimento da produção agrícola da região que a ferrovia passava e onde muitas famílias produziam e abasteciam Porto Velho e Guajará-Mirim. A função social dela tinha grande importância", disse o jornalista Euro Tourinho.
Filho de um dos oficiais pioneiros do 5º BEC, Alarcão Sidney chega a fazer um desafio aos que alegam que máquinas da EFMM foram atiradas pelo BEC no rio Madeira. "Sou capaz de pagar mergulhador para encontrar isso que essas pessoas dizem".
Fonte: Lúcio Albuquerque / Jornal Alto Madeira
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