O salmo 146 das Sagradas Escrituras é um hino de agradecimento ao Senhor da criação e da história, da natureza e de Israel. Agradecer ao Deus da Vida. No final, é a contemplação da majestade de tudo o que circunda a própria vida. Este salmo se enquadra no período pós-exílico, isto é, o ‘fim do cativeiro de Israel na Babilônia, no século VI a.C. e chega ao início da era cristã dos anos 70 d.C., quando ocorre o segundo exílio’.
O que apresenta o hino? É o amor magnânimo de Deus que se torna protagonista no cosmo e na história de salvação de Israel. É um convite ao louvor. Nos versículos de 1-6 se começa dizendo: “Louvai o Senhor porque ele é bom; cantai ao nosso Deus porque ele é amável, e o louvor lhe convém.” Exalta-se a ação histórica de Deus que “O Senhor reconstrói Jerusalém, e congrega os dispersos de Israel.” Ele, o Onipotente, se reclina sobre os seus filhos e filhas, “os que têm o coração ferido, e cuida-lhes das chagas”.
Por tudo isso, reconhece-se que Deus é soberano do cosmo: “É ele que fixa o número das estrelas, e designa cada uma por seu nome. Grande é o Senhor nosso e poderosa a sua força; sua sabedoria não tem limites.” Porém, a sua inalcançável transcendência não lhe impede de ficar perto dos pobres: “O Senhor eleva os humildes, mas abate os ímpios até a terra.” Continua o salmista, convidando a louvar o Senhor: “Cantai ao Senhor um cântico de gratidão, cantai ao nosso Deus com a harpa.”
E logo menciona a grandeza dessa ação majestosa de Deus: “A ele que cobre os céus de nuvens, que faz cair a chuva à terra; a ele que faz crescer a relva nas montanhas, e germinar plantas úteis para o homem. Que dá sustento aos rebanhos, aos filhotes dos corvos que por ele clamam.” A presença de Deus manter o equilíbrio da natureza e, ao mesmo tempo, tira a fome dos animais e dos pássaros que clamam. Faz questão o autor do hino em exaltar a ternura de Deus que tem para os humildes do planeta terra.
É um Deus que ignora a potência do cavalo ou a destreza do ser humano, mas dá atenção para aqueles que têm a única esperança no Senhor: “Agradam ao Senhor somente os que o temem, e confiam em sua misericórdia.” Papa Francisco falou no dia 24.03.2019: “A possibilidade da conversão não é ilimitada; por isso é preciso aproveitar logo; do contrário ela se perderia para sempre. Podemos confiar muito na misericórdia de Deus, mas sem abusar dela. Não devemos justificar a preguiça espiritual, mas aumentar nosso esforço a corresponder prontamente a essa misericórdia com coração sincero.”
E continuou o Pontífice: “Apesar da esterilidade, que por vezes marca a nossa existência, Deus tem paciência e nos oferece a possibilidade de mudar e de progredir no caminho do bem”. Por fim, disse: “Devemos imitar a paciência de Deus que confia na capacidade de todos de poder ‘levantar-se’ e retomar o caminho. Deus é Pai, e não apaga a chama fraca, mas acompanha e cuida de quem é frágil a fim de que se robusteça e dê sua contribuição de amor à comunidade.”
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia. Belém-PA.
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