sábado, 25 de abril de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 4, 21-30

Por meio da leitura do profeta Isaías, Jesus apresenta na sinagoga seu plano de resgate da humanidade. Até que o comentário da Palavra de Deus tinha se reduzido a uma simples colocação, todo mundo ficou admirado. Mas quando Jesus começou a encarna-la, a liga-la com a realidade, aí começaram a rejeita-lo. Por que isso? Porque entenderam perfeitamente que tudo isso tinha haver com a vida deles e não concordaram. Realmente, até que a Palavra de Deus é reduzida a uma simples leitura, ela é sempre aplaudida e homenageada. Mas quando começa a envolver a própria vida, a exigir algo da gente, então, a partir daí, torna-se mais difícil segui-la, e se colocar em questão.

Dito isso, agora vamos analisar melhor o texto em seguida. A estrutura do texto é composta da seguinte maneira: Jesus lê o texto de Isaías; as pessoas reagem; Jesus critica a reação delas e cita os profetas Elias e Eliseu; e, enfim, as pessoas querem matar Jesus. No começo tem um brevíssimo comentário de Jesus seguido por uma reação admiradora dos fiéis na sinagoga. Logo em seguida, começou a desconfiança nele: “não é este o filho de José?”, e se escandalizam. Qual a motivação de tudo isso? Porque a proposta do Nazareno é uma fraternidade que tem conotações bem definidas e concretas: acolher os pobres, os cegos, os oprimidos, os presos.

E eles não querem aceitar os excluídos. Por isso, Jesus também é excluído. Além do mais, ele propõe um Deus que não é vingativo. Quando citando Isaías, evita na proclamação do ano do Senhor “um dia de vingança do nosso Deus”. Jesus faz questão de apresentar um Deus que ama, um Deus que se preocupa com quem é excluído e sofre, no lugar de um Deus juiz severo, vingativo e guerreiro. Quantas vezes, ainda hoje, prevalece a vontade de manipular o nosso Deus, querendo-o destruidor, esmagador para fortalecer o próprio ‘eu’. À inveja das pessoas, porque Jesus era conhecido por toda a Galileia, ele responde que “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”.

Porém, tudo isso não amedronta Jesus. Aliás, ele, citando mais dois trechos da Bíblia, confirma que a sua missão é de acolher os excluídos. Desse jeito, revela-nos uma critica às pessoas pela mentalidade fechada. Jesus diz que tanto o profeta Eliseu quanto Elias foram enviados a dois estrangeiros que os sararam, deixando de lado os conterrâneos. Assim sendo, mostra-nos a abertura da Palavra de Deus para todos; não é exclusividade de uns escolhidos. Essa resistência, a esse tipo de mensagem de Jesus, levaram os fiéis daquele tempo a não aceita-lo. Chegaram até querer mata-lo. Perante essa situação reprovável, Jesus consegue manter a calma; não se deixa levar pelo pânico.

Aliás, ele passa no meio deles, mantendo-se firme no seu caminho. Ele sabia perfeitamente, não obstante a rejeição do projeto de Deus por parte desse povo, que ninguém podia para-lo. Você se identifica com o projeto de Jesus?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação/Belém-PA.


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