Evangelho de Lucas 6, 27-38
“Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam.”
A exortação de Jesus neste trecho do Evangelho nos mostra que, para amar verdadeiramente, não é suficiente respeitar regras de convivência. O verdadeiro Amor não é ditado pelas leis. Ele nasce no profundo íntimo do ser humano. Além disso, a perfeição que precisamos perseguir, a imitação do nosso Pai, consiste na grande misericórdia. Como o Pai nos perdoou muito, também nós temos que fazer a mesma coisa.
Como aplicar este perdão? No Antigo Testamento, a lei do talião tinha uma preocupação em frear o avanço da violência, no entanto, Cristo propõe o novo freio que é vencer o mal com o bem. No final, o melhor exemplo é sempre o de Jesus na Cruz. É esta a verdadeira sabedoria da perfeição que temos de imitar. Neste sentido, Jesus nos propõe ter ousadia, de ir além, de não fazer oposição ao malvado. As histórias das grandes figuras como Francisco de Assis, Tereza de Calcutá e outras testemunhas de hoje, nos dizem que a Paz vivida com profundidade pode desestabilizar as lógicas violentas do mundo. Ser cristãos sem mudar as nossas opções, as nossas vidas, significa que o Evangelho não conseguiu penetrar na nossa vida. Isto é, não podemos ser cristãos superficiais, pessoas anônimas e boazinhas, mas devemos ser filhos de Deus capazes de testemunhar quem é verdadeiramente Deus e de falar quem Ele é realmente. Portanto, o amor deve influenciar escolhas radicais de vida, com as quais se praticam os mandamentos de Deus e tudo aquilo que querem manifestar na totalidade deles. Por isso, o amor dos inimigos, pessoas que não fazem parte da minha vida, o simples amor do próximo, aparece assim como um dos pontos mais qualificantes do ensinamento de Jesus, em oposição àquilo que os escribas e os fariseus afirmavam. Neste sentido, vale confirmar que o amor de que Jesus fala não é simplesmente um bom sentimento, mas vai muito além disto. A proposta de Jesus é da não violência, isto é, de se empenhar a favor da justiça sem fazer uso de qualquer ato violento, de nenhum tipo. Naturalmente, as diretrizes de Jesus não podem ser tomadas como receitas que resolvem todos os problemas, mas como
metas que precisamos alcançar. É isto que nos leva à perfeição e, assim, nos ajuda a imitar o nosso Deus.
“Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.”
O cristão deve ser imitador de Deus. No seu cotidiano tentará, com todas as suas forças e inteligência, compartilhar com os outros a experiência de como e quanto ele é amado por Deus. Somente assim experimentaremos a grandeza da nossa condição de filhos e filhas de Deus. Como Deus é bom, também os seus filhos e filhas podem compartilhar essa bondade que enaltece a nossa fraternidade.
Concluindo, lhe pergunto: a sua busca de Deus se preocupa em ter, antes de qualquer coisa, uma boa relação com as pessoas?
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação - Belém/PA.
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