segunda-feira, 27 de abril de 2020

DEUS É BOM, PORQUE SUA MISERICÓRDIA É ETERNA

O salmo 135 das Sagradas Escrituras é o grande hino (Hallel) de louvor que o judaísmo entoava na liturgia pascal. O salmo é como se fosse, para nós católicos, o credo cantado. Como é composto? Uma pessoa apresenta inicialmente os eventos extraordinários da salvação que Israel viveu e vive. Logo em seguida, a assembleia responde em coro: “eterna é a sua misericórdia”. Os prodígios de Deus na vida de Israel são celebrados com muita fé.

Depois se destaca no salmo o termo da “fidelidade” (Hesed). Isto se refere à Aliança de Deus com o seu povo, em que bondade, amor e misericórdia marcam a presença do Senhor. E também vem se firmando a ideia de um Deus criador universal. Nesse sentido, o salmo inicia com a criação das águas, da terra e dos astros, conforme os versículos de 4 a 9: “Ele estendeu a terra sobre as águas. Ele fez os grandes luminares. O sol que domina os dias. A lua e as estrelas para presidirem a noite, porque sua misericórdia é eterna.”

No entanto, nos versículos de 10 a 20, aparece a grande revelação bíblica, isto é, o êxodo da terra da escravidão do Egito e a travessia tão sofrida do deserto, rumo à terra prometida: “Ele tirou Israel do meio deles, porque sua misericórdia é eterna. Graças à força de sua mão e ao vigor de seu braço, porque sua misericórdia é eterna. Ele dividiu em dois o mar Vermelho, porque sua misericórdia é eterna. Ele fez passar Israel pelo meio dele. Ele precipitou no mar Vermelho o faraó e seu exército. Ele conduziu seu povo através do deserto. Ele abateu grandes reis, porque sua misericórdia é eterna. Ele exterminou reis poderosos. Seon, rei dos amorreus, e Og, rei de Basã”.

Nesse percurso de libertação, Deus, enquanto Senhor do universo, parte o mar vermelho para que o povo de Israel possa passar adiante. Esse evento do mar, como símbolo do caos e da ameaça à vida, é superado vitoriosamente pelo povo judeu livre e ressurgido. Assim sendo, o Senhor se torna o grande defensor do seu povo e abate os seus perseguidores.

E nos versículos de 21 a 25 é proclamada a posse da terra prometida de Canaã: “E deu a terra deles em herança, porque sua misericórdia é eterna. Como patrimônio de Israel, seu servo, porque sua misericórdia é eterna.” Depois o autor do salmo quer lembrar os dias dele provados pela grande humilhação da destruição de Jerusalém e consequentemente o novo exílio para Babilônia: “Em nosso abatimento ele se lembrou de nós, porque sua misericórdia é eterna.” Mas o que é interessante em tudo, isso é, a constante confiança na fidelidade de Deus que é fiel a sua aliança. O amor Dele não vem nunca a faltar.

Parece que o autor quis unir duas revelações de Deus, aquela da criação do universo e aquela histórica que conduz o seu povo. Portanto, a criação faz parte da única ação de salvação de Deus que se manifesta na história hebraica e universal. O salmo nos encoraja a vivermos com confiança na misericórdia do Senhor porque é redentora.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia / Belém-PA.


Nenhum comentário:

Postar um comentário