Confira um relato sobre a primeira edição do evento, realizado na Chapada dos Veadeiros, no estado de Goiás
Imagine você e seus
amigos pilotando suas motos numa estrada praticamente vazia, cercada por uma
paisagem mágica. Ao final de cada curva, uma vista mais bonita do que a
anterior. Em seu destino, está um evento que irá ficar marcado em suas
memórias. Foi exatamente assim que eu me senti no Kluster Kamp 2020 edição de
verão. Organizado pela oficina colaborativa Kluster Moto, de Brasília, o local
escolhido para o acampamento foi a incrível Chapada dos Veadeiros, em Goiás. O
planalto central é um lugar que por si só já tem uma atmosfera muito relaxante.
Acrescente a isso um passeio de moto, muita música boa e uma festa sensacional.
Garanto que todos os participantes voltaram com a energia renovada.
Desde o primeiro momento, quando fiquei sabendo sobre o
evento nas redes sociais, decidi participar e vivenciar a atmosfera mágica da
Chapada. No entanto, o trajeto de São Paulo até Brasília é relativamente longo
e tinha disponibilidade de apenas alguns dias. O plano se concretizou quando a
Harley Davidson do Brasil abraçou a proposta e me cedeu uma Road Glide Special
2020 para eu fazer a cobertura completa do evento. Como teria conforto de sobra
com a moto touring, planejei tanto a ida a Brasília como a volta a São Paulo em
apenas uma perna, com paradas rápidas para abastecimento.
Em uma quarta-feira, saí de São Paulo ainda durante a
madrugada e cerca de 13 horas depois já estava em Brasília. Aproveitei para
retirar meu kit na Kluster e também conhecer a oficina colaborativa sobre a
qual meus amigos de Brasília tanto falavam. Tive uma recepção ainda melhor do
que esperava! Todos queriam saber minha história e o motivo de ir até Brasília
para o evento. A resposta era simples: apoiar mais um evento que fortalece a
cultura custom no Brasil. Depois de retirar meu kit, aproveitei os outros dias
para conhecer um pouco mais da operação da oficina e também visitar a capital
do nosso País.
Quando, finalmente, o grande dia chegou,
acordei bem cedo, carreguei a moto e segui em direção à Kluster, dando início a
um sábado repleto de aventuras! Assim como eu, todos estavam ansiosos para
seguir em direção à Chapada dos Veadeiros. O verão no Centro-Oeste do Brasil
também é conhecido como a estação molhada. Logo, a chuva foi uma de nossas
companheiras de viagem. Após uma parada em que quase todos abasteceram
(informação importante que explicarei logo mais), seguimos em frente.
Conforme nos distanciamos da capital, a chuva finalmente
deu uma trégua e pude apreciar a incrível paisagem da Chapada. Pilotar uma moto
com esse visual é algo inesquecível! É aquela paisagem que nós, motociclistas,
sempre sonhamos vivenciar. Quando estávamos a aproximadamente 20 km do destino,
uma das motos começou a falhar. Pensamos que poderia ser algum problema com a
moto e bateu aquela sensação ruim de que o passeio poderia ser interrompido.
Porém, depois de uma rápida averiguada, foi constatado que era mesmo falta
de... gasolina. Isso mesmo! A moto estava quase em pane seca pois não havia
sido abastecida na primeira parada! É um daqueles acontecimentos que sempre
vamos recordar quando nos reunirmos novamente. Tudo foi resolvido com a
transferência de um pouco de gasolina de uma das motos, o suficiente para
chegar à próxima cidade.
Depois de abastecermos todas as motos,
seguimos em direção ao camping. Uma parada para a clássica foto na placa que
indica a direção e subimos nas motos para pegar o tão esperado trecho de terra
até o local. Como estava pilotando uma Harley Davidson Road Glide Special,
tinha certo receio dessa parte do trajeto. Apesar de ser uma moto fantástica
para os mais de 1.300 km de estrada que me levaram até ali, ela não é
exatamente conhecida por sua eficiência em percursos off-road. Pilotava
tranquilamente até o momento em que uma das motos à minha frente decidiu parar
no canteiro. Por sorte, ninguém saiu ferido e seguimos em frente. Mas, depois
desse incidente, todos nós ficamos um pouco mais tensos, pelo menos até chegar
o maior desafio da viagem: um atoleiro típico de off-road.
Ninguém passou direto, todos paravam para verificar o
melhor caminho a ser escolhido. Como nem as motos trail estavam passando com
facilidade, eu, com a Road Glide, fiquei ligeiramente aflito. Fui o último a
passar, o que foi uma péssima ideia pois todos estavam me filmando caso me
transformasse em uma vídeo cacetada. No entanto, para o desapontamento dos
cinegrafistas de plantão, consegui passar sem problema. No final, até aumentei
o som da Road Glide para descontrair a galera! Chegando ao local do Kluster
Kamp, já vi o pessoal que havia saído mais cedo montando suas barracas em meio
àquela paisagem incrível! Para quem nunca participou de um acampamento com sua
moto, fica a dica: é uma experiência que condiz muito com o espírito
motociclista aventureiro, desde a simplicidade até a irmandade que reina nesse
tipo de evento.
Depois de montar minha barraca, que ficou amarrada na Road Glide, já era hora
de começar a festa! A chuva ia e voltava, mas isso não diminuiu em nada o ânimo
da galera. Com uma grande variedade para agradar a todo tipo de ouvido, as
diversas atrações musicais foram um ponto alto! Como as motos ficariam paradas
até o dia seguinte, todos aproveitaram para beber uma cerveja, relaxar e
aproveitar o evento. O bom de um acampamento motociclístico é que você sempre
terá, no mínimo, um assunto em comum: a moto e todas as experiências que ela
proporciona. Conversei com muitas pessoas, troquei histórias de estradas, fiz
novas amizades e aproveitei muito o evento até a última nota musical antes de me
recolher à minha barraca. No dia seguinte, mesmos cansados pela pouca
quantidade de sono, era nítida a extrema felicidade de todos por terem
participado do evento. A pergunta que não queria calar era: quando será o
próximo?
Conversei também com o Zé, um dos donos da
Kluster Moto, sobre o evento. Ele me contou sobra as inspirações para o Kamp,
uma delas o El Diablo Run. A vibe do evento realmente seguiu a mesma linha da
do evento dos EUA: curtir sua moto, os amigos, tomar uma boa cerveja e
aproveitar a festa em um cenário mágico – no caso brasileiro, a Chapada dos
Veadeiros. Além disso, os organizadores conseguiram reproduzir a sensação de
comunidade encontrada na oficina para o evento. Mesmo com quase 200
participantes, a atmosfera era de uma grande família que se reunia para uma
confraternização. Sem dúvida alguma, posso afirmar que a primeira edição do
Kluster Kamp foi um sucesso! Espero ansiosamente a data da edição de inverno,
também conhecida como a época seca. A paisagem da Chapada será totalmente
diferente, mas tenho certeza de que isso não mudará em nada a magia do evento.
Pelo contrário, tem tudo para ser ainda melhor! O Kluster Kamp é um evento
perfeito para virar referência na cultura custom, assim como o Rodeo é em Sorocaba
e o BMS, em Curitiba. Vai virar um marco da cultura no Centro-Oeste brasileiro.
Fonte: Equipe Moto. com.br - (Texto: Guilherme Foster)
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