sábado, 11 de abril de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 22, 14 – 23, 56

O longo trecho da paixão de nosso Senhor Jesus nos revela a profundidade do mistério da cruz, falência para as ambições do ser humano e salvação para Deus. É na cruz que nossa vida deve se espelhar, se quiser ter perspectivas. Por incrível que pareça, é a própria cruz de Jesus que nos eleva a uma nova vida. Isto, naturalmente, se choca com o pensamento e a vida do mundo. Não podendo refletir e analisar todos os versículos da paixão, devido ao pouco espaço reservado, eu vou me concentrar no final, que fala da morte de Jesus na cruz. O cenário é bem simples e dramático: Jesus crucificado e mais dois ladrões também crucificados.

Em volta deles, temos o povo, os chefes da religião daquele tempo e os soldados: “O povo permanecia aí, olhando. Os chefes, porém, zombavam de Jesus, dizendo: “A outros ele salvou. Que salve a si mesmo, se é, de fato, o Messias de Deus, o Escolhido!” Os soldados também caçoavam dele. Aproximavam-se, ofereciam-lhe vinagre, e diziam: “Se tu és o rei dos judeus, salva a ti mesmo!” Um quadro, esse, totalmente horrível, para não se desejar a ninguém. Porém, o evangelista Lucas quis assim focalizar que ali mesmo se manifestou a majestade de Jesus, como modelo e exemplo de martírio cristão. A coerência de Jesus foi até o fim; até na cruz. Ele, por toda a sua vida, buscou os últimos, os pecadores, os excluídos e agora morre entre dois ladrões.

Pregou o amor e testemunhou a misericórdia e o perdão; e na hora da sua execução, rejeita qualquer forma de violência: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que estão fazendo!” Jesus, santo e inocente, é reconhecido no calvário pelo ladrão e o oficial do exército romano: o ladrão falou “Jesus, lembra-te de mim, quando vieres em teu Reino.” Também: “O oficial do exército viu o que tinha acontecido, e glorificou a Deus, dizendo: “De fato, esse homem era justo!” Até o fim doa a sua vida para todos e aos seus inimigos, aqueles que o rejeitaram. Assim sendo, Jesus, verdadeira imagem do Pai, revela-nos o amor dele narrado em toda a Sagrada Escritura.

De fato, podem ver como Jesus, pendurado na cruz, não se preocupa de jeito nenhum de se salvar, mas de salvar os outros, mantendo a fidelidade a Deus Pai. Consciente da sua condição de Filho de Deus, não pensa para si, mas se torna serviço e dom para todos. Com isso, a cruz se torna o maior dom para a humanidade. Antes de morrer, Jesus gritou: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito.” Dizendo isso, expirou. É o salmo 31, oração de um pobre abandonado que confia humildemente em Deus. A confiança total em Deus que teve em toda a sua vida e agora culmina na sua morte. Portanto, não se deixou levar pela tentação de fazer prevalecer a justiça através da força e da arma, mas confiou totalmente no amor. Que lição para nós, para uma sociedade como a nossa! Pergunto-lhe: a cruz é reconhecida entre todos nós como amor, doação ou é uma ameaça, uma desgraça?

Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação/Belém-PA.



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