sexta-feira, 6 de maio de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 10,27-30

“As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; elas jamais hão de perecer, e ninguém as roubará de minha mão. O poder que o Pai me deu é maior do que todos; e ninguém as pode arrebatar da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um.”

Um breve trecho do Evangelho, mas muito intenso e revelador do grande mistério de nossa pertença a Deus. Quanto é animador e encorajador para todas as pessoas saber que Deus quer que lhe pertençamos. Somos sua propriedade. Portanto, se é assim, podemos sonhar muito, confiar que nunca seremos abandonados. Somos destinados a sermos amados para sempre e, portanto, herdeiros de Deus. Só saber disso, por exemplo, me deixa forte, embora seja fraco; corajoso, embora seja limitado e cheio de esperança. Estamos perante o grande mistério trinitário: “Eu e o Pai somos um”. O evangelista coloca aqui a unidade perfeita entre Jesus e os discípulos, por meio da parábola do bom pastor e das ovelhas. Talvez, não tanto compreensível para quem vive fora dessa realidade, mas para os receptores de Jesus que eram pastores tudo foi fácil de se entender. E Ele fala: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, e eu as conheço e elas me seguem”. O Pastor está em perfeita sintonia com a Igreja. Por que Jesus fez esse discurso? Para melhor compreendermos isso, precisamos ler o versículo precedente (10,24) em que diz que os judeus lhe perguntaram com insistência: “Se és o Cristo, dize-nos abertamente”. Essa é a relação conflitante com os judeus por causa da sua identidade: enquanto não aceitam, de jeito nenhum, que Ele seja Deus, não querem fazer parte de seu rebanho. Com certeza essa passagem nos pode esclarecer melhor: “A vós foi dado o mistério do Reino de Deus; aos de fora, porém, tudo acontece em parábolas”. Dito isto, parece bem evidente, para quem vive na comunidade, que as palavras de Jesus são vida. No entanto, para aqueles que ficam de fora da comunidade do Mestre, as palavras se tornam sem efeito, inexplicáveis. O debate de Jesus com os Judeus focaliza as atitudes daqueles que o seguem: “Escutam a minha voz”. Eles são fiéis, porém, os judeus são incrédulos. A fidelidade dos discípulos não é somente em palavras, mas envolvendo toda a existência deles. A vida toda. Devido a essa pertença: “Eu lhes dou a vida eterna”. É Ele o Senhor; tudo lhe pertence. Ele é a garantia do Pai, o maior de todos. Portanto, para chegarmos ao Pai devemos passar pelo seu Filho único, Jesus. Assim sendo, me parece que no final a acessibilidade ao nosso Deus não é tão complicada assim. É suficiente se identificar e viver Jesus na vida. Deixar-se levar, possuir pelo seu amor.Interessante também notar como Jesus, de maneira bem categórica, diz: “Elas (ovelhas) jamais perecerão, e ninguém as arrebatará de minha mão”. Isto é, os que o seguem, e mesma a Igreja, fundam as suas esperanças nessa certeza. Nenhuma tentação e nenhum medo poderá vencê-los. A obediência ao Mestre Ressuscitado, que provem em sabê-Lo ouvir, leva-nos a segui-Lo. É o nosso Bom Pastor.

Este reconhecimento e essa sequela nos rendem livres, porque nos proporcionam a doação de si. É nisso que consiste o amor. O evangelista finaliza dizendo que a vida é o dom de comunhão com Deus. Concluindo, pergunto-te: durante o dia, você reserva uns momentos para escutar a Palavra de Deus? Ou você não tem tempo porque tem outras vozes para ouvir? Para você, o que é a vida eterna? Muitos anos que podes viver ou a comunhão de vida com Deus? Você acredita, de verdade, que Deus te ama?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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