terça-feira, 31 de maio de 2016

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 7, 1-10

“Tendo Jesus concluído todos os seus discursos ao povo que o escutava, entrou em Cafarnaum. Havia lá um centurião que tinha um servo a quem muito estimava e que estava à morte. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, rogando-lhe que o viesse curar. Aproximando-se eles de Jesus, rogavam-lhe encarecidamente: Ele bem merece que lhe faças este favor, pois é amigo da nossa nação e foi ele mesmo quem nos edificou uma sinagoga. Jesus então foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o centurião lhe mandou dizer por amigos seus: Senhor, não te incomodes tanto assim, porque não sou digno de que entres em minha casa; por isso nem me achei digno de chegar-me a ti, mas dize somente uma palavra e o meu servo será curado. Pois também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens; e digo a um: Vai ali! E ele vai; e a outro: Vem cá! E ele vem; e ao meu servo: Faze isto! E ele o faz. Ouvindo estas palavras, Jesus ficou admirado. E, voltando-se para o povo que o ia seguindo, disse: Em verdade vos digo: nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé. Voltando para a casa do centurião os que haviam sido enviados, encontraram o servo curado.”

Jesus entrou em Cafarnaum, isto é, a cidade que se acha nos confins, misturada com o povo considerado pagão pelos judeus. Jesus não tem medo de estar com pessoas que não pertencem à religião oficial. Aliás, faz questão de ir ao encontro delas, ouvi-las, conhecê-las e ajuda-las. É interessante ver como o nosso Deus faz questão de encontrar todo mundo e, sobretudo, aqueles que têm dificuldade para recebê-lo e acolhe-lo. Por que isso? Porque são todos filhos de Deus e Ele não faz discriminações.Esse pagão romano, aqui descrito, foi evangelizado. A palavra do Mestre chegou a ele e assim acreditou. Por isso o busca. Como? Enviou uns anciãos, isto é, pessoas importantes, para interceder o Messias. Para que? Para salvar o empregado dele. O processo de fé do oficial romano é resumido na total confiança no Mestre. Ele despoja-se de todo o seu poder, reconhece que ele é pobre e somente Jesus pode dar resposta à sua preocupação e dor.O pagão se abandona totalmente ao Mestre. Reconhece que a sua vida de agora em diante depende do Senhor. Quem se deixa realmente evangelizar, se entrega plenamente à ação de Deus. É como se dissesse: “Sem o meu Senhor não posso mais viver. Vem, Senhor, vem.” Essa abertura total a Deus torna o oficial romano humilde e desejoso da sua presença para preencher a pequenez da sua humanidade e do seu ser pecador. Uma consciência que permite
ser amado sem fim: “Eu não sou digno de que entres em minha casa.”

Nota-se aqui como o oficial chegou à fé. Ele crê no divino Mestre de maneira consciente e confiante. É interessante como o evangelista mostra, mais uma vez, que Jesus vai ao encontro das pessoas que O desejam. Portanto, significa que Deus toma sempre a iniciativa de ir ao encontro dos seus filhos e filhas. O soldado, porém, de sua parte, fazia grandes passos de conversão, de mudanças na sua vida. Estava se tornando um homem novo, acolhendo Jesus e a sua palavra. É o Senhor que opera na sua vida, revertendo os perigos de vida e alimentando a esperança de vida nova. Uma vida nova centralizada na fé em Jesus Salvador.

Finalizando essa grande experiência de fé, Jesus acrescenta: “Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.” Essa declaração do nosso único Mestre revela que quem adere sinceramente à fé, pode ser qualquer pessoa, sem preconceitos. E nós, engajados na Igreja, devemos aumentar cada vez mais a confiança na Palavra do Senhor. Concluo com algumas perguntas: Tem medo ou vergonha de se abrir ao seu Senhor para lhe dizer que precisa dele, porque não sabe como enfrentar as dificuldades da vida? Tem humildade como aquele oficial romano de confiar totalmente no Senhor? Como cristão, como vive a sua fé?


Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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