terça-feira, 26 de maio de 2015

EU - Outras Poesias - Poemas esquecidos

O LUPANAR

Ah! Por que monstruosíssimo motivo
Prenderam para sempre, nesta rêde,
Dentro do ângulo diedro da parede,
A alma do homem polígamo e lascivo?!

Este logar, moços do mundo, vêde:
É o grande bebedouro colectivo,
Onde os bandalhos, como um gado vivo,
Tôdas as noites, vêm matar a sêde!

É o afrodístico leito do hetairismo,
A antecâmara lúbrica do abismo,
Em que é mister que o gênero humano entre,

Quando a promiscuidade aterradora
Matar a última fôrça geradora
E comer o último óvulo do ventre!

Fonte: Do Livro EU - Outras Poesias - Poemas Esquecidos / Augusto dos Anjos

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