Um belo dia, a paciência acaba. Não há qualquer vontade de conversar, de dar explicações. As manias, que antes eram percebidas como encantadoras, passam a ser consideradas abomináveis. Cai a ficha quando se percebe que ninguém se toca há semanas – e nem estou falando de sexo, mas daqueles beijos automáticos de “oi” e “tchau”. As reclamações se transformam em discussões intermináveis.
Perde-se a razão, o amor-próprio, o respeito ao próximo. O roteiro dos momentos finais de um relacionamento são patéticos em sua previsibilidade. Esse percurso, visto à distância, com o passar do tempo, após esforços para salvá-lo, chega a parecer ridículo. Não consigo entender porque não é possível chegar à conclusão de que tudo acabou sem que ninguém saia machucado, sem carregar dores, sofrimentos e cicatrizes. O luto às vezes é longo demais.
Parece que vivemos a época de ouro das DRs, mas quando mais nenhuma conversa é capaz de salvar o relacionamento, a discussão sobre o fim não deveria ser longa. É muito difícil não tropeçar e cair nas armadilhas mais comuns: apontar erros e procurar culpados. É uma busca inútil que causa apenas tristeza e mais revolta. Cada um reage de uma forma, mas o mais importante é usar todas as forças para manter sob controle a raiva e a decepção, senão os erros se multiplicam. É algo difícil: ali está uma pessoa com quem se trocou intimidades e segredos, com quem se compartilhou sonhos traduzidos em alguma realidade. Ela não poderia nem deveria se transformar, de um momento para o outro, em desconhecida, mera passageira de um período da vida.
O rompimento sempre leva a muitos questionamentos sobre cada um e sobre sua capacidade de se relacionar. As mudanças são difíceis e não acontecem da noite para o dia. Podem demorar. Entendo que mudar a maneira de se relacionar pode ser a saída. Ninguém quer ficar sozinho por muito tempo, mas repetir comportamentos é abrir um novo caminho para o sofrimento. Assim a primeira medida que se toma é: viver!
Mas essa coisa chamada viver é mesmo muito difícil, cheia de riscos que às vezes residem apenas no imaginário e que, em outras ocasiões, pulam para a realidade. A recaída ourevival é uma das armadilhas mais perigosas. Essas pequenas voltas com frequência não deixam cicatrizar o que já deveria ter sarado.
Não existe sucesso ou fracasso quando se trata de relacionamentos. Não é possível medir promessas não cumpridas, palavras quebradas. Superar implica em entender que os caminhos não serão mais paralelos e que dificilmente tornarão a se cruzar. Por mais que seja complicado de absorver, para seguir em frente é preciso aceitar que o controle que temos sobre o rumo dos acontecimentos é apenas parcial. E que o imponderável, esse desconhecido, pode entrar em cena e trazer novos – e agradáveis – ventos.
Fonte: Blog tudo sobre tudo
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